(Autoria: Fernanda)
Imagem:net
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Noite fria, e a menina procurava abrigo, e sem se dar conta encontrou um menino que também se abrigava da noite. Ela aproximou-se meio arredia, mas contente de ter mais alguém ali além dela. Nisto, ao chegar mais perto, parecia ouvir o menino falando com alguma pessoa. Mas quem? Ela não via ninguém por ali além deles. O menino dizia: por que você não me ama? Baixou lentamente a cabeça e olhando o horizonte, ela presenciou lágrimas.
Ela - Menino posso ir ficar aí embaixo também?
Ele - Não quero companhia.
Ela - Está bem eu ficarei aqui onde estou, quer conversar?
Ele - Sobre o que?
Ela - Não sei, sobre o que quiser.
Ele - Você, o que faz aqui?
Ela - Estava andando e acabei me afastando de onde costumo dormir, então vi você aí e pensei poder me abrigar aqui além de conversar um pouco.
Ele - Venha.
Ele - Não quero companhia.
Ela - Está bem eu ficarei aqui onde estou, quer conversar?
Ele - Sobre o que?
Ela - Não sei, sobre o que quiser.
Ele - Você, o que faz aqui?
Ela - Estava andando e acabei me afastando de onde costumo dormir, então vi você aí e pensei poder me abrigar aqui além de conversar um pouco.
Ele - Venha.
Ela - Ouvi sua conversa, mas acho que você conversava com o Senhor do alto não é?
Ele - Você quer dizer Papai do céu.
Ela - Sim. Mas você dorme aqui?
Ele - Fazia parte de uma turma de meninos lá do lado norte, mas eles começaram a cheirar um troço esquisito e depois ficam mais esquisitos ainda. Me deram e eu não quis, então me bateram e queriam me atirar no mar. Fugi e vim parar aqui. E você?
Ela - Eu fugi de um lugar onde guardavam crianças para depois vir um adulto que gostasse de criança levar para ser sua mãe e pai.
Ele - E porque fugiu de lá? Não queria ter um pai e uma mãe?
Ela - Quero! Mas esperava os meus verdadeiros pais, se outra pessoa me levasse como poderiam eles me achar?
Ele - Você quer dizer Papai do céu.
Ela - Sim. Mas você dorme aqui?
Ele - Fazia parte de uma turma de meninos lá do lado norte, mas eles começaram a cheirar um troço esquisito e depois ficam mais esquisitos ainda. Me deram e eu não quis, então me bateram e queriam me atirar no mar. Fugi e vim parar aqui. E você?
Ela - Eu fugi de um lugar onde guardavam crianças para depois vir um adulto que gostasse de criança levar para ser sua mãe e pai.
Ele - E porque fugiu de lá? Não queria ter um pai e uma mãe?
Ela - Quero! Mas esperava os meus verdadeiros pais, se outra pessoa me levasse como poderiam eles me achar?
Ele - E ninguém quis você?
Ela - Eu me escondia sempre, e no lugar iam meus amiguinhos, eles precisavam mais que eu.
Ele - E como veio parar aqui?
Ela - Fugi de lá numa noite de natal e não voltei mais.
Ele - E como sobrevive aqui fora?
Ela - Tenho amigos na praia, ah e também estudo numa escola da favela.
Ele - Então sabe ler e escrever?
Ela - Sei sim.
Ele - Pode escrever uma carta para minha avó qualquer dia destes?
Ela - Posso, quando quiser.
Ela - Agora que viramos amigos, por que perguntava se alguém não te amava? Era mesmo o papai do céu como diz?
Ele - Não iria querer saber a verdade.
Ela - Tente então.
Ela - Eu me escondia sempre, e no lugar iam meus amiguinhos, eles precisavam mais que eu.
Ele - E como veio parar aqui?
Ela - Fugi de lá numa noite de natal e não voltei mais.
Ele - E como sobrevive aqui fora?
Ela - Tenho amigos na praia, ah e também estudo numa escola da favela.
Ele - Então sabe ler e escrever?
Ela - Sei sim.
Ele - Pode escrever uma carta para minha avó qualquer dia destes?
Ela - Posso, quando quiser.
Ela - Agora que viramos amigos, por que perguntava se alguém não te amava? Era mesmo o papai do céu como diz?
Ele - Não iria querer saber a verdade.
Ela - Tente então.
Ele - É que depois de apanhar de meu padrasto e de minha mãe, eu decidi ir embora de casa, mesmo tendo a minha avó que sempre me defendeu. Não gostava de viver daquela forma, drogas e bebidas, e nenhuma condição saudável.
Ela - Mas e sua avó? Por que não ficou com ela?
Ele - Minha avó está doente e não podia cuidar de nós dois, mas eu prometi para ela que mandava notícias. E agora mesmo estava conversando com o Senhor do alto como você diz.
Ela - Pode me dizer como se chama?
Ele - Edilson.
Ela- Edilson, então não sabe o que o Senhor do alto, Papai do céu, ele sempre nos amará?
Ela - Mas e sua avó? Por que não ficou com ela?
Ele - Minha avó está doente e não podia cuidar de nós dois, mas eu prometi para ela que mandava notícias. E agora mesmo estava conversando com o Senhor do alto como você diz.
Ela - Pode me dizer como se chama?
Ele - Edilson.
Ela- Edilson, então não sabe o que o Senhor do alto, Papai do céu, ele sempre nos amará?
Ele - E por que nós dois, duas crianças que deveriam estar sendo cuidadas por pessoas que nos amassem, estamos aqui jogados no meio do frio e com fome?
Ela - Ainda não tenho a resposta, mas posso te garantir que estamos sendo cuidados e amados. E não estamos jogados, veja, fizemos amizade e estamos conversando de nossas vidas. O padre lá da igreja que guardo meus cadernos, me disse uma vez que, nós temos sempre dois caminhos a seguir. E eu perguntei a ele onde o Senhor do alto mais se orgulharia que seguíssemos, e ele me disse que é no caminho mais precário. Nem sempre encontramos o amor na facilidade Edilson, mas saiba que se a lealdade e a fé fizer parte de nossas vidas, teremos muitas vitórias, porque o amor abre todas as portas. Você pode duvidar do que quiser, mas nunca duvide do amor de Deus por nós.
Ele - Você acredita mesmo hem?
Ela - Sim, de toda minha alma.
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