Quando o coração escreve, o tempo escuta Este não é apenas um blog. É um livro aberto de mim para mim e agora, para você. Cada capítulo aqui nasce de uma pergunta, de uma ausência, de um instante que ficou entre o que foi dito e o que foi sentido. É um lugar onde a palavra vira abrigo, e o silêncio tem voz. Entre e leia com calma: cada pedaço tem um pouco de céu, um rastro de dor bonita, e a esperança suave de quem ainda acredita na delicadeza.

Bem-vindos ao meu cantinho no mundo♥

Aqui mora tudo que pulsa forte no peito: palavras que escapam, silêncios que gritam, e memórias que dançam entre o céu e o chão. Este blog é um diário aberto, uma conversa com o tempo, um abrigo de sentimentos. Sinta-se em casa. Pegue um café, ouça o vento, e leia com o coração. Com carinho, Fernandinha

★☾ ✿Gente - Miúda✿

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Era uma vez, uma garotinha que se chamava... Bora ler!

domingo, 27 de dezembro de 2015

Era uma data apenas (dia das Crianças) parte 2

(Autoria: Fernanda)

 
Ela - Moço não precisa chorar.
Ele - Menina... Vamos escolher o mais bonito sapato para ti.
Ela - Não precisa moço, agora eu preciso ir.
Ele - Mas você queria tanto brincar em um dos brinquedos. Faz disso, você brinca apenas uma vez, só para sentir o sabor, e depois pode ir, está bem?
Ela - Está bem.
Ele - Mas primeiro vamos comprar um sapato para você.
Então eles saíram dali e entraram num lugar que mais parecia um palácio, e havia lá muitos, muitos sapatos.
Ela escolheu um misturado, azul com rosa. O azul e o rosa faziam parceria com suas preferências. E lá se foram eles para aquela ala encantada.

Ela brincou e sorriu.
Mas já estava bom, não podia ficar mais tempo naquele lugar, seu braço doía, é que onde o moço mau machucou, fazia pouco tempo que ela havia escorregado e batido aquele braço, ainda estava sensível.
O moço grande, seu Nélio, queria levá-la em casa, mas como dizer a ele que ela não tinha uma? E se dissesse que não tinha, e ele a levasse a um orfanato? Estava arredia, ele parecia um anjo de tão bom, mas não podia voltar outra vez para o orfanato, era doloroso para ela se imaginar lá outra vez.

Então parou de sorrir e ficou séria, estava refletindo.
Ela sabia que não podia mentir, era errado e feio.
Ele - Como se chama menina?
Ela pensou, ai meu Deus, lá vem as perguntas...
Ela - Fernanda, a menina lá da praia do Leblon.
Ele - Ah então você mora no Leblon?
Ela - Huhuuum!
Ele - Que bom, porque eu moro exatamente por ali, posso te deixar em casa?

Ela - Pode deixar na praia?
Ele - Sim.
Ela - Está bem. Então vamos.
Ele - Fernanda me diga, você está sozinha aqui no shopping?
Ela - Não estou sozinha não moço.
Ele - Cadê a pessoa que está com você?
Ela - Está aqui.
Ele - Onde?
Ela - Aqui, bem detrás das minhas costas.
Ele - Não vejo.
Ela - É meu anjo da guarda, você também tem o seu.

Ele riu e depois perguntou.
Onde estão seus pais?
Ela - Não sei.
Ele - Quantos anos têm?
Ela - 9.
Ele - Onde mora?
Ela - Na rua.
Ele - Desde quando?
Ela - Desde quando fugi do orfanato.
Ele - E quando foi, ontem?
Ela - Não senhor, já faz um bocado de tempo, eu tinha assim ó.
Ele - Está me dizendo que tinha 5 anos?
Ela - Sim.

Ele - Mas como isso é possível? Onde dorme?
Ela - Junto dos meus amigos.
Ele - Onde?
Ela - Quer ver?
Ele - Por favor!
Então a menina levou o moço até os outros que como ela, não tinha uma casa, eles forravam o chão, se aninhavam um perto do outro, para o frio ser menos forte, e ali dormiam, simples assim.
Ele fitava os amigos da menina e ela, então depois de um longo tempo ele disse.

Ele - Quer ir para casa comigo?
Ela - Não posso.
Ele - Por quê ?
Ela - Está vendo aquela senhora ali de gorro vermelho?
Ele - Sim estou.

Ela - Ela está muito doente, o doutor falou que ela ia logo, logo para o céu. Quando ela lembra, diz que eu sou a neta dela que o mar levou. E quando ela diz isso, ela chora muito e fica sem poder respirar, ela grita, chama pelo nome da menina e quer se jogar na água. Mas quando eu chamo ela de vó, então ela se acalma e eu fico abraçada nela até ela dormir.
Ela - Pode levar ela junto?

Ele - Não, eu não posso levar essa senhora também. Você seria mais fácil, poderia te adotar e você virar minha filha. Mas ela não tem como.
Ela - Sabe moço? Não precisa não. Vou continuar por aqui.
Ele - Quando quiser vê-los eu te trago aqui.

Nisso a senhora acordou e ficou tateando o lado que a menina dormia.
A menina olha para o senhor Nélio e diz.
Ela - Pode ir. Eu não abandono meus amigos. Ela precisa de mim. A gente precisa semear amor nas pessoas, para que o mundo tenha o que colher, e nunca mais existam pessoas e nem crianças sem lar.

Ele - De onde você tirou isso Fernanda?
Ela - Do anjo que é meu amigo, ele diz essas coisas para mim.
Então ela tirou os sapatos dos pés, e devolveu ao homem.
Ele não quis de volta e disse que pertencia a ela.
Ela - Obrigada!

Ele – Fernanda, vou te dar algum dinheiro, mas guarde bem guardado tá? É para poder se alimentar amanhã, junto com seus amigos. Fiquei muito contente com seu ato, de me devolver a carteira cheia de dinheiro. Aceite é de coração.

Ela - Não carece não moço, se for por isso, não precisa, não devemos receber recompensa por fazer o bem, é nosso dever de todo dia. O que não é nosso não deve ficar conosco. Preciso ir agora, devo ficar ali onde ela procura, se não ela vai começar a gritar e chorar...

Ele - Vou viajar, quando voltar venho aqui te ver está bem?
Ela - Está bem. Boa viagem moço.
Ele - Fica com Deus menina.
Ela - Ele está aqui no meio de nós.
Ele - Como sabe?

Ela - As pessoas esquecem que temos Deus a todo momento em nosso coração. Algumas deixam ele guardado por medo, outras por não querer perceber, e outras por não se sentirem merecedoras. Mas Deus é único e pai de todos nós, ele enxerga tudo com seu olhar de amor e é por isso que sabe quando alguém está falando a verdade ou mentindo, quando se arrepende ou não. Ele chora quando vê sua criação fazendo coisas más, como o homem que me machucou o braço, ele não estava fazendo o trabalho dele, o trabalho é um fruto bom ao homem. Na missa eu ouvi o padre dizer, que as crianças são preferidas na casa de Deus. Porque elas não tem medo de dizer a verdade, nem errar e concertar. É verdade moço, os adultos deveriam ser crianças na maioria das vezes.

Ele - Tem a razão. E então viramos amigos?
Ela - Há muito tempo, desde quando me deu aquele sorriso tão bonito, mesmo eu estando sem sapatos.
Ele - Você é muito mimosa e valiosa.
Ela - E isso é bom?
Ele sorriu, é muito.
Uma criança me ensinou o que nestes anos todos eu não havia conseguido aprender.
Ser humildade.

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