Deus, seu sorriso é uma janela para minha alegria. A noção exata de te sentir me faz tão feliz. Foi tão rápido que descobri o brilho de um astro, aquele que iria fazer de minha história um recomeço de amor. Houvram pedaços que se soltaram, e ficaram lá atrás, mas eu não esqueci. De certo modo estão colados na minha memória. Todos tiveram suas cores, alguns cinzas, craquelados, alegres, e outros coloridos demais.Em cada um deles eu vivi de coração. Eu ouvi o AMOR me chamar, ELE brincava comigo quando minha tristeza precisava de risos. Eu senti sua voz me ninar, quando eu chorava de frio e de fome. Adormeci muitas noites, imaginando um copo de leite, nem precisava ser quentinho e cheio, bastava matar minha fome. Muitas vezes não fazemos nada, e não há nada que se possa fazer com isso. Mas a minha direção era sempre iluminada pelo Sol. Por quê? Eu me fiz muito essa pergunta. Mas tratava de me fortalecer me dando a resposta positiva, que um dia tudo iria ser bem azul, e no fundo um arco-íris mandado pelo Céu, iria indicar a direção que eu precisava seguir. “Não chore Fernandinha, a gente um dia vai ter um pai e uma mãe, irmãos, um lar e você até vai poder comer empada no domingo”. Eu me dizia isso sempre que pensava não haver mais maneira de me dar força, por me sentia fraca de fome. Eu olho para trás e sinto um orgulho tão grande de mim, é sério! Eu sinto. Quando recordo aquele tempo, meus olhos mergulham num mar de emoções. Como fui corajosa diante das noites em bancos de praças. Mas eu não sabia o que era perigo até eu ficar grandinha. No entanto tudo já vem bem detalhado, e com um cuidado excessivo do Criador. Nenhuma criança fica desamparada a seus olhos. Ontem eu vi do ônibus, um menino de rua caído com um saco de cola nas mãos, aquilo me doeu inteira. Pedi que o Senhor colocasse alguém em seu caminho ali, para ajudá-lo a sair daquilo. Precisamos conscientizar nossas crianças, de que as drogas são bichos papão desde cedinho, para que elas não tenham a curiosidade de experimentar. Orientar estas crianças de que não devem aceitar balas ou qualquer outro presente de estranhos, porque existem muitas pessoas mal intencionadas por aí. É incrível como a confiança perdeu o sentido no mundo. E o mal tomou conta de corações por opção de quem os carrega. Comecei falando de amor e me estendi para outro rumo, que não deixa de ter amor no meio. Mas eu sinceramente espero que o hoje, seja mais correto em relação àqueles que moram nas ruas por falta de opção. Eu espero que cada olhar que se depare com um sem-teto, esteja de alguma forma próximo de fazer a sua parte. É perigoso se aproximar de alguém assim? Na maioria das vezes sim, mas há muitas formas de ajudar. Tive sempre em mente o que queria. Aprendi a ler sozinha juntando palavras, me fascinava quando via alguém lendo próximo a mim, era sempre uma nova descoberta. Agradeço pelo que tenho hoje, ao Senhor do alto que nunca me deixou sozinha, por meus pais que mesmo eu sendo uma menina-grande não hesitaram em me adotar aos 14 anos de idade. ♥

★☾ ✿Gente - Miúda✿

★☾ ✿Gente - Miúda✿
Era uma vez, uma garotinha que se chamava... Bora ler!

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Milagre e Prece -Última parte




A noite chega e ela na beira da praia fecha os olhos para ouvir o som das ondas, e faz sua prece:
- Senhor do alto, amigão do coração e de toda vida.
- Meu sentir se lança diante de ti com tanta alegria. Obrigada por todo amor que nos dedicastes e dedicas. Peço que cuide sempre daqueles que sentem medo, por favor, porque são prisioneiros de suas dores e escolhas.
- O tempo une e separa, faz presente e ausenta de nossos olhos seres que amamos, admiramos, nos ensinam. Mas sei que esta é a continuação do evangelho, do teu amor, e do teu misericordioso coração. Precisamos uns dos outros para isso, para unir todas as formas de amor e sintonias no grande propósito do Bem maior.
- Não entendo muitas coisas, mas quando estamos tendo essa conversa de coração para coração, eu sei que tua morada habita em mim, em meu semelhante, em todos sem distinção.
- Aquelas mãos que eu presenciei por instantes, são elas que quero beijar com toda minha certeza e amor, e lhe dizer que estou com meu coração ajoelhado diante de sua bondade e agradecida por tudo.
- Proteja minhas pessoas onde quer que estejam, e que nos ajude sempre para que possamos esclarecer todas as dúvidas, diante dos atos de amor por nós, pois eu li no livro sagrado que nada, nem um fio de nosso cabelo cai sem que tu consintas. Esclarece meu coraçãozinho por favor, que seja feita a tua vontade e não a minha. Que a paz caia sobre o planeta jorrando sementes de uma paz que só teu amor de Pai concede ...


Amém!




♥♫(Felicidade é saber que fui embora apenas do que me machucou
 e fiz morada no amor para sempre.)
 Autoria M. Fernanda♥♫
Imagem: Minha

Milagre parte 4


Autoria M. Fernanda♥♫
Imagem: Minha


Manhã... ela aparecia mais radiante, semelhava que o dia sorria junto dos adornos da primavera e dos cantos dos pássaros. Ela dá bom dia ao Senhor do alto, às coisas ao redor e segue para o chafariz. Recorda que hoje seria um dia especial, o dia que Laís havia marcado dentista para ela por uma amiga no posto de saúde. Hoje ela iria usar a escova de dentes, êba! Antes vai dar bom dia à vó Eliza, e depois sim, irá para o posto de saúde. Chegando lá não encontra ninguém no leito, entende que houve êxito e vó Eliza sarou. Laís se aproxima dela e lhe abraça bem forte, enquanto diz que vó Eliza precisava voltar para o Céu. Ela ficou em silêncio, abraçada na moça. Algumas lágrimas, e um soluço bem baixinho era o que se ouvia.
- Fernandinha, ela pediu para lhe entregar isso.
- Era um ladinho de meia que nós dividíamos quando estávamos com mais frio que a outra. Ela achou quando nós catávamos lixo. Ia jogar fora, porque uma meia só não serviria para nada, mas eu lhe disse que se não servisse não estaria ali. Que mesmo aquecendo só um lado do pé, era bom sentir porque o outro pé iria saber a diferença quando trocasse de lado. Daí então poderíamos dar o merecido valor ao anjo bom que a jogou ali, para que outros necessitados a achassem.
- OH querida, como pode alguém tão especial não ter um lar?
- Eu tenho um lar, é numa das moradas do nosso Pai do Céu, eu tenho tudo que preciso nesse lar.
- Não quis dizer desta forma, eu sei que tem. Mas é injusto algumas coisas, sabe?
- Sei porque pensa assim Laís, muitos pensam, mas se aprendermos a temperar a dor com o amor o sabor muda, entende?
- Ah Fernandinha, você até aprece um ser de outro planeta, tem resposta boa para tudo.
- Sabe? Vó Eliza está feliz lá onde está, recebeu seu milagre, e está em paz.
- Você sabe qual era o milagre?
- E você sabe quem seja maior que Deus?
- Lá vem você com seus símbolos difíceis de decifrar né?
- Deus nos modela, e arranca o medo, o frio, a tristeza, a fome. Ele esmaga todo o mal como um grão de areia entre suas mãos se quiser, se for de sua vontade, mas deixa ainda o mal existir para que o homem possua a força de exercer a sua escolha nas coisas, para que ele perceba que foi criado para o bem, para o amor, para a absolvição e a compaixão, de mãos dadas com a caridade.
- Sabe querida? O homem não compreende nada disso.
- Mas um dia todos compreenderão. Porque precisarão conhecer as oportunidades que os deixam cegos para decidirem o que querem, ou o que ficou difícil de entender. A verdade que necessitam é singular porque ninguém pode ser verdadeiro pelo outro, a consciência é única assim como cada segundo do dia de nossas vidas. As leis de Deus habitam dentro de nós e é por ela que vem o certo ou o errado.
- Quer vê-la?
- Tá.
- Perguntei se quer?
- Vê-la irei sempre no meu coração, o que vou ver agora já é da terra e a terra irá ficar. Mas o que pertence a Deus, a Ele regressa.
- Então é melhor não irmos né?
- É... Que seja bem vinda ao lar vó, e fique em paz.


Continua...




Imagem: Google

Li algo deste ser James Van Praagh
e uma frase me marcou muito.
"É difícil perder alguém a quem sentimos bastante chegados. Todos perdemos alguém em algum ponto de nossas vidas, é uma realidade da natureza, e infelizmente temos que encarar  isso da melhor maneira possível".

Milagre parte 3



- Não fique triste com o que vou lhe falar agora, mas você foi a única  que realmente esteve comigo durante o tempo que precisei.
- Desde a primeira folha de papelão que me deu?
- Sorriso... Sim, desde então.
- Hoje tenho certeza que nossas vidas são realmente ligadas a outras vidas que vêm para fazer o tal amor ao próximo de Cristo, e você foi o meu próximo mais próximo Fernandinha.
- É?
- Sim!
- Demos boas gargalhadas juntas, não foi?
- Sim foi mesmo, e foram especialmente especiais cada uma delas.
- Foram sim.
- Mas hoje pelo milagre que consegui através de um anjo muito amado por Deus, eu voltarei para casa feliz, muito feliz, e isso é uma grande dádiva que recebi. Muito obrigada pela intercessão.
- Mas nem sei o que é isso aí. Inteleção?
- Risos... Intercessão filha.
- Ah... ainda embola...
- Tudo bem, é intermédio, é quando através de alguém e porque esse alguém pediu, conquistamos algo.
- Como pedir o seu milagre para o Senhor do alto?
- Sim menina linda.
Ela respira feliz e diz:
- Ah sim, eu sei.
Mas a menina estava contente e inquieta, ao mesmo tempo em que sabia que o milagre concedido poderia ser diferente do que ela desejava. A lembrança que trazia na sua vivência tão pouca ainda, parecia abissal demais para um ser do tamanho dela. Reparou que a vozinha adormecera, mas arquivava a serenidade que ela transportava em sua face.
Foi à procura de Laís, queria saber melhor sobre o quadro que agora se fazia sobre a saúde dela. Embora eles a achassem muito miúda para tanta responsabilidade, ela sabia que tinha essa amplidão pelo carinho que sentia, e o sentimento que carregava.
Láis apenas lhe dizia que ela precisava apenas ir brincar e esquecer um pouco a responsabilidade que não precisava ser dela, afinal ela era só uma senhora como tantas outras, que por agora estava sendo cuidada, e senão desse certo teríamos que aceitar qual fosse o resultado que viesse, então se vira e sai.
Fernandinha lembrava que na véspera do acontecido ela estava tristonha. Enfim, se havia alguma tristeza ela agora parecia em paz. Então aumenta o tom da voz para alcançar a moça e fala:
- O que sente quando pratica o bem Laís?
Laís se volta e sem entender bem a pergunta, lhe manda uma outra:
- Por que me fez essa pergunta?
- Primeiro responda por favor a minha?
- Ah eu acho que nos sentimos bem em ajudar quem precisa.
- Você só acha ou tem certeza?
- Fico contente quando ajudo.
Então a minha resposta é a sua, sinto uma alegria que não tem explicação dentro de mim, parece que o meu coração chega quase a pegar essa responsabilidade sabe?
- Mas Fernandinha, de onde você tira tantas coisas? Tantos questionamentos, tantas maneiras de exemplificar coisas?
- O anjo me diz.
- Você sente como se fosse um sacrifício então?
- O que é sacrifício?
- É quando alguém se sacrifica por algo ou alguém, deixa de fazer o que gosta por outros, entende?
- Não, Láis, no amor não há sacrifícios.
- Quando o ser humano aprender a amar sem outras coisas no meio disso, ele sempre fará o amor render em todos os lados de um jeito que é um todo. Não sentirá o fardo e sim o dom, não carregará uma cruz e sim um imensurável amor.
- Desisto! Vá brincar e só me volte pela manhã aqui ouviu?
- Sim, mas...
- Não tem mas, aqui não é lugar de criança.
- Tá bem! Até amanhã então...




Continua...









♥♫(Felicidade é saber que fui embora apenas do que me machucou
 e fiz morada no amor para sempre.) Autoria M. Fernanda♥♫
Imagem: Google

Milagre parte 2

Imagem: Google


Arrebatada ainda com o acontecido andou até a copa, onde Mara já havia lhe feito um café com leite bem quentinho, e passado manteiga no pão que iria ser saboreado com toda a fome que aquela barriguinha almejava. Correu os olhos pela copa, as canecas ali estavam em fileiras, todas como antes do mesmo jeitinho.
Mara apoia os braços sobre a mesa e pergunta:
- Então! Não irá lanchar?
Ela volta do estado de concentração que estava e acena que sim, segurando a caneca e o pão, e o levando à boca fazendo o tal huuum como se fosse o banquete mais gostoso do mundo.
Mara sorri porque já esperava aquele modo de mostrar que algo estava muito bom, principalmente o famoso pão com manteiga e café com leite. Ao mesmo tempo que a observa, pergunta:
- Fernandinha, aconteceu alguma coisa lá na igreja?
Ela responde:
- Você já sentiu como se você estivesse leve feito uma pena, e ao mesmo tempo pesada de amor?
- Pesada de amor?
- Sim, mas um peso tão bom que você poderia carregá-lo para onde quisesse ir?
- Não querida, nunca!
- Eu sim!
- Ah, e não quer me explicar melhor?
- Não há como explicar sra. Mara, só sentir.
- Deve ter suprido as suas saudades, desde as maiores às menores, não é?
- Essa palavra eu conheço. Sim, abasteci tudo. Sorriu. Posso levar um pedaço de pão para Sr. Vasco, o moço que me trouxe no carro dele até aqui?
- Claro querida, vou arrumar.
Se despede da sra. Mara com um abraço apertado e segue rumo ao taxi do sr. Vasco, e ambos regressam para ver vó Eliza.
Antes, ela para na frente do chafariz que já jorrava abundante água, e banha o rosto com alegria, passa a água nos braços, arruma os cabelos, e vai à casa de repouso. Lá dentro observa o caminho, os leitos, as pessoas que neles habitam, e vai fechando os olhos e pedindo ao seu amigo do alto que tenha compaixão de cada, um por favor.
Chega até o leito de vó Eliza que dorme. Ela parece serena, pensou. Chega próximo à cama e fica olhando aqueles cabelos tão branquinhos, aquele ar doce meio sorridente, as mãos tão cheias de vincos pelo tempo.
Fernandinha amava as crianças e os idosos, disso nunca teve dúvidas. Um se assemelhava ao outro pela fragilidade, a necessidade de carinho, proteção, cuidados e sensibilidade.
Pensava enquanto observava cada detalhe.
Se eu fosse uma adulta e tivesse um lar, com cozinha, quartos com cama limpinha, com remédios, cuidaria dela e lhe contaria histórias, e lhe faria companhia... Mas não posso ser mais do que sou, e o que sou é tudo que consigo.
Nisto, vó Eliza abre os olhos e lhe estende a mão, onde ela rapidamente segura bem firme.
- Você já chegou minha pequenina gigante?
Ri e pergunta:
- Não entendo, como posso ser pequenina e gigante ao mesmo tempo vozinha Eliza?
- Você é uma menininha por fora, mas é gigante como as ondas do mar em sentimento. E tudo é tão vasto dentro de você que os milagres são concedidos plenos e inexcedíveis.
- O que é inexcedível vó Eliza?
- É perfeito. Tudo acontece com perfeição. Não se pode reduzir nada, com você tudo vem inteiro, amplo, pleno, gigante. Entendeu agora porque gigante?
- Ah... Agora entendi!
- Pequena...
- Sim!




Continua...






♥♫(Felicidade é saber que fui embora apenas do que me machucou
 e fiz morada no amor para sempre.) Autoria M. Fernanda♥♫

Milagre Parte-1

Imagem:Google


Segue o dia...
Maio, as vitrines enfeitadas, pessoas apressadas, tudo parecia iluminado.
Fernandinha caminha por aquele início de mês e segue as badaladas do sino da igreja. Entra, avista algumas pessoas, não tantas assim para as que costumava presenciar quando vivia no orfanato e os levavam à missa aos domingos. A igreja lá ficava recheada de gente e o sr. Padre caprichava na homilia, e ela caprichava na atenção para não deixar escapar nada sobre o Senhor do alto, seu amigão de todas as horas.
Olha antes de entrar, o Céu, e diz:
- Oi amigão! Segura na tua mão o meu coraçãozinho porque ele está emocionado, sente daí não é? Saber que estamos sempre juntinhos me faz sentir uma alegria gigantesca. Foram longos os dias, o tempo em que conversávamos aí dentro, antes daqui de fora, não foram? Para mim foi tão longo não vir mas estava aprendendo a ser corajosa no mundo. Contudo, sabe? Obrigada por ter ido comigo e não ter me deixado só.
- Conhece dona Eliza né? Ela está muito doente e o Dr. Celso da casa de repouso disse que só se acontecesse um milagre para que ela se recuperasse, e eu perguntei a Laís o que era recuperar, e ela me disse que seria recobrar a saúde outra vez. Então eu disse a Laís que era muito, muito amiga mesmo de alguém muito especialmente especial que podia fazer o milagre para dona Eliza ficar saudável outra vez, porque Você é o presente, o futuro das esperanças de toda a humanidade, e a inspiração para o amor cavalgar nos corações daqueles que são movidos por ele.
- Antes de vir te procurar no nosso primeiro lugar de encontro, fui falar com dona Eliza e lhe perguntei se ela acreditava em milagres, e ela disse que sim, mas que existiam vários tipos de milagres e que você concedia todos eles da maneira que era necessária.
- Então lhe pedi para que me explicasse alguns deles, e ela disse que às vezes você precisa apenas de um reencontro com a bondade para acontecer esse milagre, e que com certeza o milagre na cura da alma é maior que do corpo. Porque o corpo tem o seu tempo para ir descansar e o seu momento, mas o espírito ainda vivendo depois não terá a paz que precisa se o milagre não chegar a ele.
- Então lhe perguntei se o milagre que ela queria era da alma, e ela me disse que seria o melhor de todos os milagres que poderia alcançar. Então eu vim de carona com o sr. Vasco, o portuga, lembra dele né? Você conhece todas as pessoas pelo seu nome, então deve conhecer o sr. Vasco, aquele que chamam de (bigode) rsrsr. Tá eu sei que é engraçado, mas ele gosta. Precisei vir para te pedir que por favor conceda o milagre que ela precisa?
Nisto uma rajada de vento sopra ternamente sobre seus cabelos e ela sorri, levanta-se limpa os joelhos e entra na igreja, vai admirando e recordando tudo que nunca se deixou esquecer, tudo permanecia da mesma forma, só os bancos estavam agora acolchoados de vermelho cor do vinho que o padre saboreava na missa.
Seus olhos foram ficando marejados e ela recordou quando os seus amiguinhos e ela sentavam naqueles bancos para louvar ao Senhor. Alguns se esqueciam de prestar atenção, mas ela parecia hipnotizada por tudo que falasse de Jesus.
- Senhor do alto, nunca vivi no deserto, aquele porque passastes os teus sofrimentos, mas sei que nunca sofrestes só, pois o teu Pai que é nosso também te abraçou com seu amor e te fez construções eternas na alma, te deu o milagre que precisavas para ser o governador deste mundo e guiar o teu povo para o AMOR.
- Sabemos, porém, que nem todos ainda aprenderam bem, mas o perdão é 70 x 7, então há tempo para todos aprendermos. Na arena agressiva da maldade do tempo o bem é um herói sem dúvida alguma.
De repente ela sente uma mão no seu ombro e se vira pensando que era sr. Vasco, mas não, era a sra. Mara que limpava a igreja e fazia o almoço dos padres naquele tempo, e ainda continuava ali fazendo as mesmas coisas.
- Fernandinha, é você mesmo?
- Sim dona Mara, sou euzinha.
- Querida, pensávamos que tivesse morrido por aí sem ninguém cuidando de você.
- Ah... mas eu estou aqui bem vivinha veja! Belisca.
Dona Mara sorri e lhe dá um grande abraço e diz:
- Melhor isso que beliscão né?
- Muita verdade sra rsrs.
- Mas onde está morando pequena?
- No lugar mais bonito do mundo.
- Com alguma família?
- Com a maior família que já imaginou.
- E eles te tratam bem?
- Todos me respeitam e me amam sra. Mara.
- Mas e estas roupas tão maltrapilhas minha menina?
- O que tem elas?
- Estão rasgadas filha!
- Estas roupas não são importantes mais que a alma. Sabe por quê? Porque o milagre maior está por dentro e faz novas todas as coisas do corpo. Então melhor andar de corpo novinho por dentro que andar de roupa limpas e novas por fora, não concorda?
- Oh Fernandinha, o que senti mais saudades da tua ausência foram as palavras inocentes e cheias de sabedoria.
- Obrigada sra.
- Vamos tomar um café com leite e pão com manteiga? Ainda lembro!
Risos...
- Oba! Mas agora não posso, só quando terminar a conversa com o Senhor do alto, daí vou lá na copa com a sra. Sabia que ainda lembro todo o caminho de lá?
- Que bom, prova que não nos esqueceu!
- Nunca, jamais!
Lhe dá um beijinho e segue.
- Senhor do Alto, voltando para nossa conversa. Eu não sei o que quer dizer aquele milagre que dona Eliza queria, mas, por favor pode conceder-lhe?
- Eu peço em nome do sentimento do amor, porque você me ensinou que não existe sentimento mais puro, e mais verdadeiro que ele. E por sentir esse sentimento é que vim com alegria passear por esse caminho que trouxe coisas tristes e boas. E juntando as duas, a boa vontade venceu, e a boa vontade é preciosa para Ti. Eu não estou de roupas limpas e nem tomei banho para vir, porque o chafariz não estava jorrando na hora que saí, mas meu coração está tudo isso, porque ele se banhou no amor e na verdade.
Silêncio...
Ela sente um barulho de um estalo como se tivesse levado um beijo na fronte, e um cheiro descomunal de flores, e por um segundo não conseguia se mexer mas parecia estar sonhando quando viu na sua frente um senhor de cabelos encaracolados, roupão alvo como a neve e uma barba muito bem feitinha, sorrindo com olhos marejados na sua frente, e suavemente como o som da brisa e o canto dos pássaros Ele estendeu as mãos abaixo do seu rosto e disse olhando dentro dos seus olhos:
- Volte banhada pelo o Sol e o amor de Deus, o milagre foi concedido, vá em paz pequena.
E quando ela olhou aquelas mãos suaves, estavam marcadas, e era de lá que saia aquele perfume de flores.
Então sacode a cabeça como que saindo de algum lugar que ela não sabia explicar, mas que era maravilhoso, e se belisca para saber se estava mesmo acordada e sorri.
- Obrigada mesmo Senhor do alto, por ter saído do seu Céu e vir aqui e ter tirado todo o cansaço e angustia que trazia da viagem, porque descansei no seu sorriso, nos seus olhos, no seu beijo e no seu AMOR.
E foi tomar seu café com leite e pão com manteiga.

Continua...






♥♫(Felicidade é saber que fui embora apenas do que me machucou
 e fiz morada no amor para sempre.) Autoria M. Fernanda♥♫

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Especialmente especial

Autoria: M.Fernanda
Imagem: Google

Você é especialmente especial Deus...
Ela caminha olhando o Sol que desponta na beira da praia.
O dia parecia refletir o brilho das estrelas naquele Céu que ela admirava, tanto nos dias quanto nas noites, mas naquele momento sua cabecinha precisava reorganizar as ideias do ontem, e aninhar a esperança dos que não aprenderam a viver na paz. Ninguém deveria ser privado do costumeiro riso de todos os dias.
Quem é você? Lhe diz a garota de óculos cor rosa sentada numa toalha toda desenhada de beijinhos.
Ela toda contente lhe responde:
- Me chamo Fernanda, mas pode me chamar de Fernandinha, e você?
A outra menina lhe olha de soslaio e depois de um tempinho responde:
- Diane. Você veio para pedir garota?
- Não, vim ajudar Maria, a moça da faxina.
- E por que não está faxinando com ela?
- Porque ela me disse que eu já havia feito o que meu tamanho podia.
- E o que era? Limpar debaixo das camas? hahaha
- Não, limpar todos os calçados do seu quarto, e você tem um montão assim ó. E abrira bem os braços para aperfeiçoar o modo de dizer que era muitos sapatos.
- E todos bem novinhos, puxa!
- Ah! Pois. São mesmo.
- Pode ir pegar um suco na cozinha?
- Claro!
- Mas você também quer?
Ela deu uma gargalhada e logo em seguida disse:
- Você pensa que o suco é para quem?
- Para mim?
A gargalhada saíra bem forte e única num estrondoso desdém.
- Sua menina boba, é para mim.
Fernandinha foi buscar então o suco e veio bem lentamente para que não sujasse o chão. Enquanto fazia o trajeto cozinha e piscina, ela pensava: como deveria ser muito bom morar num lugar tão bonito assim. Mas se era tão bom assim, por que Diane parecia tão zangada com tudo?
Então ao chegar no seu destino e entregando o suco à outra garota ela pergunta:
- Seu lar é tão aconchegante e bonito, mas por que você parece infeliz?
Não obteve resposta, compreendeu que se a tivesse seria com uma ponta de sal nas palavras, pois quem se cala guarda um conteúdo muito vasto de respostas, e às vezes estas respostas doem no fundo da alma, e por isso se calam para não doer mais.
- Diane?
- Diz.
- Quer conversar do que sente no coração?
- Como assim?
- A Sra. Selma lá da venda do seu Marco diz que quando não sorrimos é porque trazemos uma tristeza gigante por dentro. E eu penso, se ela for tão grande dessa forma quanto ela diz e faz a gente não sorrir, é porque de alguma forma perdemos o nosso riso em algum lugar escuro, e para achar é preciso ser sábio para ir em busca dele de alguma forma, não acha?
- Não estou te entendendo, você é muito, muito estranha, e diz cada coisa.
- Bem, ser estranha eu sei que sou, já ouvi tanto isso que acabou virando adequado para mim, mas eu só queria te dizer que você precisa ser corajosa para entrar lá dentro de você e explorar, e achar o seu riso de volta e trazer ele para seus lábios novamente, porque sorrir é tão maravilhoso e transborda o que sentimos, e ensina o outro a sentir a mesma força também.
- Escuta, eu não quero falar de mim, e se você pergunta tanto, por que não fala um pouco de você? Vai fala!
Fernandinha demora um pouco e depois diz:
- Mas eu não tenho nada de colorido para contar, quero dizer, não sei o que contar que possa te fazer sorrir. Mas posso te contar como é legal onde eu moro. Tudo bem, é mais legal que a sua bonita casa, mas também né? É do lado de fora.
- Do lado de fora? O que quer dizer Fernanda?
- Primeiro eu acordo com o Sol saindo lá do Céu, e ele vem cheio de vários raios brilhantes, e nessa hora eu já sei que o Senhor do alto o mandou mais uma vez ficar colado na parede do mundo para encher os homens da Terra de energia do bem. Depois escuto o barulho das ondas do mar, e elas me fazem perceber como ELE é especial, pois construiu coisas tão belas e não as deixou trancadas para que os homens não tivessem acesso, mas as deixou lá para que cada um perceba que ali mora a alegria, que assim como o Sol e o mar existem todo um resto como a chuva, os pássaros, as flores, o verde imenso das matas, os animais, e que cada dia nós esbarramos com tudo isso, e poder lembrar que o Senhor do alto fez para todos nós é uma dádiva. O que eu não consigo compreender é porque os homens são tão infelizes tendo tanto?
- Talvez seja porque nós não somos capazes de enxergar com a humildade de alguns.
- Então a humildade é como uma lente?
- Talvez.
- Então é uma lente da alma?
- Não sei responder, você faz muitas perguntas e fala demais também.
- É eu sei...
- Posso fazer mais uma pergunta?
Depois de silenciar um tempo Diane responde:
- Pergunta...
- É bom ter pai e mãe né?
- Você não os tem?
- Não aqui comigo.
- Disso eu sei, você veio só com Maria.
- Ah não, quero dizer que nós não nos conhecemos ainda, mas eu tenho.
- Então essa história de bancos de praça e de mar... Você mora nas ruas de verdade?
- Moro e, tomo banho num chafariz, e guardo meus cadernos na igreja.
- Fala sério! Mora na rua?
- É moramos juntas. Moramos num quadro pintado pelo papai do Céu.
Silêncio...
- Fernanda...
- Sim!
- Às vezes acho-os irritadores, mas é bom ter pais sim. Talvez eu é que seja irritante. Sempre exigente e nunca gentil.
- Se eu tivesse pais iria ter uma cama feito a sua, e suco para tomar, mas sabe? Eu não iria querer pedir para ninguém, iria querer ir buscar e abraçar a minha mãe enquanto ela estava preparando o almoço.
- E se seus pais trabalhassem fora, e você os quisesse ver, e só os visse um pouco antes de dormir?
- Ah... Eu iria aproveitar cada pouco com muitos risos e beijos. Porque os pais precisam seguir seu caminho, aquele que poderão enfeitar lá na frente para o seu caminhar ser menos tristonho. Eles devem sentir muito por ter que deixar você sem eles por enquanto. Eu sei que os meus sentem. Mas por hora precisa ser assim. O importante é que os seus estão todos os dias ao seu lado, e quando você sente frio pode correr para abraça-los e se aquecer pertinho de seus corações.
- Eu gosto muito de morar do lado de fora, mas é porque eu precisei me acostumar com o que eu tinha. No entanto eu também iria gostar se um dia, calhasse de morar do lado de dentro. Morar por dentro não impede de ver lá fora.
Nisto, Maria termina a faxina e chama Fernandinha, já é hora de seguir na estrada.
Ela vai até Diane lhe dá um abraço e diz:
- Que sorriso lindo o seu.
- Menina eu não sorri.
- Ah não foi com seus lábios não, foi com o seu coração, ele bateu bem forte e eu senti.
Então meio timidamente Diane sorri e num jeito meio sem jeito fala:
- Conhecer você Fernandinha foi especial.
Fernandinha responde:
- E conhecer você foi especialmente especial.
- Até...
Fernandinha então olha para o Céu e com um sorriso largo pergunta ao Senhor do alto:
- E então amigão, para que lado o cata-vento da vida vai me levar mais tarde?



*** Muitas vezes, não importa a situação, a pouca idade ou o que nos acontece, somos equilibristas de nossos atos, escolhas...
A vida é apenas a corda em que penduramos o relógio. Mesmo que a chuva fina caia ou o Sol brilhante sorria estrondosamente lá fora, precisamos aprender que nada é mais bonito que sorrir com o coração, só assim achamos a solução na corda do relógio da vida.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Divino tempo

Texto e imagem:
 M. Fernanda
Diário de vida




A manhã prometia o Céu brilhante, o dia era especial de novo, pensava Fernandinha enquanto corria atrás de um caranguejinho, bem pequenino e arteiro que vira se esconder em um dos buracos na areia. Ela ficava impressionada com tanta agilidade.
Ela sorria ao lembrar o jeitinho dele correr para entrar na sua casinha de ladinho. Ele era tão pequenino. Era uma “criança” como ela. Depois pensou e disse para si mesma: não é criança que diz euzinha, Sr. Tufik disse que é filhote que chama.
Ah é mesmo rsrsr... Então caminhou mais um pouco e sentou-se próximo a uma das “casinhas” do caranguejinho, colocou as mãos no queixo e ficou quietinha enquanto pensava. Depois levantou, comparou seu tamanho, ela também era pequena e tinha vários lugares para dormir. Tinha todos aqueles bancos da praça como cama, também a caixa de papelão...
Mas ao pensar nisso seus olhinhos encheram de água, ela sentia falta de alguém que fosse muito, muito especialmente especial, e que a segurasse pela mão que nem as crianças das praças, das escolas, daquelas que tinham uma casa de verdade com janela e portas, e uma caminha com cobertor e tudo. Não precisava ser uma cama nova não, podia ser no chão, afinal ela não tinha regalias com nada, mas sonhava que dentro da casa tivesse uma mãe e um pai.
O entusiasmo foi tão grande que ela adormeceu e sonhou que andava pela praia com um vestidinho cheio de borboletas desenhadas nele, e cada uma delas voava fora do vestidinho e novamente voltavam, e assim iam felizes diante do grandioso mar.
De repente encontrou uma moça muito bonita, e as borboletinhas voaram todas e fizeram um lindo círculo entre elas duas. A moça a olhava demoradamente e depois disse: guardei você há tanto tempo dentro de mim.
É?
- Sim.
Por que me guardou aí dentro?
- Porque mereci.
Quando merecemos é bom?
- Depende
Do quê?
- Do que se merece e então se toma posse.
O que é posse?
- Capacidade de se ter algo.
Então você me tem?
- Ainda não.
Por que está chorando?
- Porque estou feliz.
Então eu quero que seja sempre feliz, que tenha paz dentro do seu coração.
-Por que?
Porque eu sinto que precisava lhe dizer isso.
A moça se agacha e lhe beija várias vezes a face.
Ela a abraça e aperta muito forte, e depois de ficarem assim por um longo tempo, Fernandinha a olha dentro dos olhos e diz: Sabe? Você tem jeito e cheiro de mãe.
- Você sente assim?
Sinto.
- E sabe por que sente?
Sei...
- Por que?
Porque quando o coração da gente salta muito forte no peito, é porque o Senhor do alto está segurando tão bonito na nossa mão que o coração quer ter mão para segurar também na dele. E isso só acontece porque Ele é amor, e só o amor é capaz de coisas colossais.
- Sim minha pequena, por isso temos a ligação que o bom Pai nos faz sentir. Amor com amor. 
Posso te pedir uma coisa?
Sim!
- Nunca solte a mão do amor está bem?
Está.

A brisa forte e o Sol se aninham para provocar seus efeitos, a menina acorda e olha para si procurando o belo vestido de borboletas, e encontra apenas um blusão rasgado e uma bermuda surrada, suja pelo tempo. Olha para o Céu e agradece ao seu amigão do alto por aquele belo sonho. Levanta sacode a areia do corpo e segue pensando que pode não ter nenhuma mãe ou um pai segurando sua mão, ou um lar para chamar de seu, mas tem a certeza que todos os sonhos que sonhou, todos os dias que passou seu coraçãozinho saltou bem forte. Então todos os dias o Senhor do alto segurava sua mão, e ela amava o Céu, a praia, as pessoas, os bichinhos e o caranguejinho que como ela também sabia, que o Divino tempo é um relógio cheio de sabedoria, e que todo ponteiro que ultrapassa trás um limite, um estímulo, uma dor ou uma alegria. E que se trouxer dor e uma lágrima cair, ela nunca virá sem uma mão que a enxugue da maneira precisa para enxugar, e que na vida não existem desígnios sem riscos. O que precisamos é confiar e ter fé, assim poderemos distinguir num simples sonho a realidade.