Quando a
noite chega com suas estrelas brilhantes eu as vejo conduzindo o caminho de
quem brilha sem tom. Nem sempre os olhos presenciam semblantes de amor, há
tantos perigos nos atos da arrogância.
Então nas
ruas há sempre uma criança vagando sem teto, pessoas vêm e vão, e elas estão ávidas
esperando por anjos. Eu esperei.
Havia noites
frias, e corações partidos. Havia rostos banhados de lágrimas e uma esperança
verdinha. Havia desejos de paz em um mundo cinza, e coberto por tantas certezas
de que havia um Pai Amoroso para nos proteger, e havia! E Ele abraçava com sua
bondade e não havia momentos, havia acalento. Enquanto as estrelas brincavam na sua imaginação Fernandinha
agradecia por elas.
Senhor do
Alto, eu sei que você me ama, assim como todos os humanos da Terra. Dona Joana
falou que mesmo quando as pessoas não observam a noite e nem falam com você,
você cuida delas com o mesmo amor que as que falam, e eu acho isso tão
estrondosamente especial que fico aqui e ali falando com você, mesmo quando
você está muito, muito ocupado com as pessoas que fazem as guerras e tiram da Terra
aqueles que você mandou vir aqui viver.
Eu sei que
você, mesmo triste com os filhos malvados, não os deixa sem o seu amor. Mas
também precisa ensiná-los nesta mesma medida para que eles aprendam que necessitamos
saldar nossas dívidas, sejam lá quais forem, para um dia olhar você de frente e
dizer que sentiu muito, muito por tanto mal.
Eu queria
tanto, mas tanto que a paz fosse um elo de amor, como uma grande corrente que abarcasse
toda criatura que gera as guerras e extinguisse dos corações o propósito da destruição.
Dona Joana
falou também que um dia, tudo será resolvido, e daí então todos olhariam com
suavidade, certeza, amor, solidariedade e caridade.
Senhor do
Alto, você mandou um grande professor para isso, e ele era também seu filho
Jesus. Eu conheço o amor dele por todos nós. Mas como nas escolas em que eu não
posso entrar porque não tenho pais para me conduzir, há alguns que não querem
aprender agora, e então você compreende e deixa cada um escolher o seu próprio tempo.
Muitas vezes o tempo não deixa tempo, e daí eu ainda não aprendi como é o
resto, mas tenho certeza de que você tem uma solução.
Aqui nas
ruas aprendemos todos os dias de uma forma emocionante. Muitas vezes os olhos
viram mar porque a barriga dói, ou porque alguém se machuca feio, sabe? Mas daí,
a gente aprende que afagando passa, ou fica menos dolorido. Então quando apenas
fechamos os olhos e imaginamos que somos iguais àqueles que têm um lar, um pai
e uma mãe, a alegria é um milagre e tudo se transforma, a dor vira amor.
Senhor do
Alto, eu sei que gosto muito de perguntar né? mas queria entender por que não há alegria nos corações de todos? Por que sempre há motivos
para alguém dizer adeus? Por que os lares vivem tão frios, orfanatos e abrigos
tão cheios, e as calçadas lotadas? Eu ouvi o sr. Ari certa vez dizer que é
desamor. Eu não sei ao certo o que quer dizer, mas eu senti uma dor no meu
peito, porque deve ser triste criar dentro da gente uma coisa que não constrói e
causa aflição nos outros.
Eu queria
que todos nós prestássemos mais atenção no brilho que o Sol traz pela manhã,
quando ele está nascendo e fazendo uns raios coloridos, que chegam a fazer a
gente querer voar só pra chegar pertinho e tocar. E as nuvens quando começam a
formar figuras tão interessantes que quando eu percebo, parece que vêm na minha
direção e eu sorrio imaginando que você soprou ela em mim (risos).
Olha aqui
dentro dos meus olhos Senhor do Alto, veja como eu sou feliz, porque você é meu
Pai querido, mesmo quando você precisa dizer “não” quando eu penso numa mãe pra
mim e ela não vem.
Eu entendo
que agora não pode ser, mas que um dia ela vai chegar.
Daqui a
pouco Jesus vai ser nascido e as pessoas vão espalhar milagres de bondade umas
nas outras, algumas irão aos orfanatos levar umas estorinhas aos ouvidos das
crianças de lá, agasalhos e carinho, e isso é o espírito do Natal pairando nos
corações.
Muitas
pessoas estão pulando os obstáculos que nem dona Maria falava, cada um tem um
graveto para juntar no caminho da vida. Estes gravetos vão se transformando
numa cruz que só ele pode carregar, mas quando há fé e coragem você descobre o
amor, e aí a cruz que gerou vai ficando leve, porque o trabalho pesado quem fez
foi Jesus o nosso professor de amor.
Eu aqui sou
muito agradecida Senhor do Alto, por ter feito isso também por mim, tá bom? Eu
sei que há coisas que vamos aprender porque doeu muito, e há aquelas que custará
muito tempo para sermos capazes, e enquanto isso iremos chorar bastante. Então
o meu pedido de hoje é: ensina a todos nós a querer muito, muito escolher a
coisa certa, eu sei que a decisão é de cada um, mas se estivermos refletindo no
que nos machuca, não iremos querer machucar o outro porque é muito ruim.
Hoje há
luzes brilhando na cidade, e em algum cantinho dela há alguém dizendo adeus
para alguém que ama. Apazigua por favor estas pessoas, e quando doer
estrondosamente, ensina que elas aprendam a olhar o Céu, aí onde você está tudo
tem concerto. Nós precisamos de Ti, embora haja um orgulho tão feio no meio de
nós.
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