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Segue o dia...
Maio, as vitrines enfeitadas, pessoas apressadas, tudo parecia iluminado.
Fernandinha caminha por aquele início de mês e segue as badaladas do sino da igreja. Entra, avista algumas pessoas, não tantas assim para as que costumava presenciar quando vivia no orfanato e os levavam à missa aos domingos. A igreja lá ficava recheada de gente e o sr. Padre caprichava na homilia, e ela caprichava na atenção para não deixar escapar nada sobre o Senhor do alto, seu amigão de todas as horas.
Olha antes de entrar, o Céu, e diz:
- Oi amigão! Segura na tua mão o meu coraçãozinho porque ele está emocionado, sente daí não é? Saber que estamos sempre juntinhos me faz sentir uma alegria gigantesca. Foram longos os dias, o tempo em que conversávamos aí dentro, antes daqui de fora, não foram? Para mim foi tão longo não vir mas estava aprendendo a ser corajosa no mundo. Contudo, sabe? Obrigada por ter ido comigo e não ter me deixado só.
- Conhece dona Eliza né? Ela está muito doente e o Dr. Celso da casa de repouso disse que só se acontecesse um milagre para que ela se recuperasse, e eu perguntei a Laís o que era recuperar, e ela me disse que seria recobrar a saúde outra vez. Então eu disse a Laís que era muito, muito amiga mesmo de alguém muito especialmente especial que podia fazer o milagre para dona Eliza ficar saudável outra vez, porque Você é o presente, o futuro das esperanças de toda a humanidade, e a inspiração para o amor cavalgar nos corações daqueles que são movidos por ele.
- Antes de vir te procurar no nosso primeiro lugar de encontro, fui falar com dona Eliza e lhe perguntei se ela acreditava em milagres, e ela disse que sim, mas que existiam vários tipos de milagres e que você concedia todos eles da maneira que era necessária.
- Então lhe pedi para que me explicasse alguns deles, e ela disse que às vezes você precisa apenas de um reencontro com a bondade para acontecer esse milagre, e que com certeza o milagre na cura da alma é maior que do corpo. Porque o corpo tem o seu tempo para ir descansar e o seu momento, mas o espírito ainda vivendo depois não terá a paz que precisa se o milagre não chegar a ele.
- Então lhe perguntei se o milagre que ela queria era da alma, e ela me disse que seria o melhor de todos os milagres que poderia alcançar. Então eu vim de carona com o sr. Vasco, o portuga, lembra dele né? Você conhece todas as pessoas pelo seu nome, então deve conhecer o sr. Vasco, aquele que chamam de (bigode) rsrsr. Tá eu sei que é engraçado, mas ele gosta. Precisei vir para te pedir que por favor conceda o milagre que ela precisa?
Nisto uma rajada de vento sopra ternamente sobre seus cabelos e ela sorri, levanta-se limpa os joelhos e entra na igreja, vai admirando e recordando tudo que nunca se deixou esquecer, tudo permanecia da mesma forma, só os bancos estavam agora acolchoados de vermelho cor do vinho que o padre saboreava na missa.
Seus olhos foram ficando marejados e ela recordou quando os seus amiguinhos e ela sentavam naqueles bancos para louvar ao Senhor. Alguns se esqueciam de prestar atenção, mas ela parecia hipnotizada por tudo que falasse de Jesus.
- Senhor do alto, nunca vivi no deserto, aquele porque passastes os teus sofrimentos, mas sei que nunca sofrestes só, pois o teu Pai que é nosso também te abraçou com seu amor e te fez construções eternas na alma, te deu o milagre que precisavas para ser o governador deste mundo e guiar o teu povo para o AMOR.
- Sabemos, porém, que nem todos ainda aprenderam bem, mas o perdão é 70 x 7, então há tempo para todos aprendermos. Na arena agressiva da maldade do tempo o bem é um herói sem dúvida alguma.
De repente ela sente uma mão no seu ombro e se vira pensando que era sr. Vasco, mas não, era a sra. Mara que limpava a igreja e fazia o almoço dos padres naquele tempo, e ainda continuava ali fazendo as mesmas coisas.
- Fernandinha, é você mesmo?
- Sim dona Mara, sou euzinha.
- Querida, pensávamos que tivesse morrido por aí sem ninguém cuidando de você.
- Ah... mas eu estou aqui bem vivinha veja! Belisca.
Dona Mara sorri e lhe dá um grande abraço e diz:
- Melhor isso que beliscão né?
- Muita verdade sra rsrs.
- Mas onde está morando pequena?
- No lugar mais bonito do mundo.
- Com alguma família?
- Com a maior família que já imaginou.
- E eles te tratam bem?
- Todos me respeitam e me amam sra. Mara.
- Mas e estas roupas tão maltrapilhas minha menina?
- O que tem elas?
- Estão rasgadas filha!
- Estas roupas não são importantes mais que a alma. Sabe por quê? Porque o milagre maior está por dentro e faz novas todas as coisas do corpo. Então melhor andar de corpo novinho por dentro que andar de roupa limpas e novas por fora, não concorda?
- Oh Fernandinha, o que senti mais saudades da tua ausência foram as palavras inocentes e cheias de sabedoria.
- Obrigada sra.
- Vamos tomar um café com leite e pão com manteiga? Ainda lembro!
Risos...
- Oba! Mas agora não posso, só quando terminar a conversa com o Senhor do alto, daí vou lá na copa com a sra. Sabia que ainda lembro todo o caminho de lá?
- Que bom, prova que não nos esqueceu!
- Nunca, jamais!
Lhe dá um beijinho e segue.
- Senhor do Alto, voltando para nossa conversa. Eu não sei o que quer dizer aquele milagre que dona Eliza queria, mas, por favor pode conceder-lhe?
- Eu peço em nome do sentimento do amor, porque você me ensinou que não existe sentimento mais puro, e mais verdadeiro que ele. E por sentir esse sentimento é que vim com alegria passear por esse caminho que trouxe coisas tristes e boas. E juntando as duas, a boa vontade venceu, e a boa vontade é preciosa para Ti. Eu não estou de roupas limpas e nem tomei banho para vir, porque o chafariz não estava jorrando na hora que saí, mas meu coração está tudo isso, porque ele se banhou no amor e na verdade.
Silêncio...
Ela sente um barulho de um estalo como se tivesse levado um beijo na fronte, e um cheiro descomunal de flores, e por um segundo não conseguia se mexer mas parecia estar sonhando quando viu na sua frente um senhor de cabelos encaracolados, roupão alvo como a neve e uma barba muito bem feitinha, sorrindo com olhos marejados na sua frente, e suavemente como o som da brisa e o canto dos pássaros Ele estendeu as mãos abaixo do seu rosto e disse olhando dentro dos seus olhos:
- Volte banhada pelo o Sol e o amor de Deus, o milagre foi concedido, vá em paz pequena.
E quando ela olhou aquelas mãos suaves, estavam marcadas, e era de lá que saia aquele perfume de flores.
Então sacode a cabeça como que saindo de algum lugar que ela não sabia explicar, mas que era maravilhoso, e se belisca para saber se estava mesmo acordada e sorri.
- Obrigada mesmo Senhor do alto, por ter saído do seu Céu e vir aqui e ter tirado todo o cansaço e angustia que trazia da viagem, porque descansei no seu sorriso, nos seus olhos, no seu beijo e no seu AMOR.
E foi tomar seu café com leite e pão com manteiga.
Continua...
♥♫(Felicidade é saber que fui embora apenas do que me machucou
e fiz morada no amor para sempre.)
Autoria M. Fernanda♥♫