Deus, seu sorriso é uma janela para minha alegria. A noção exata de te sentir me faz tão feliz. Foi tão rápido que descobri o brilho de um astro, aquele que iria fazer de minha história um recomeço de amor. Houvram pedaços que se soltaram, e ficaram lá atrás, mas eu não esqueci. De certo modo estão colados na minha memória. Todos tiveram suas cores, alguns cinzas, craquelados, alegres, e outros coloridos demais.Em cada um deles eu vivi de coração. Eu ouvi o AMOR me chamar, ELE brincava comigo quando minha tristeza precisava de risos. Eu senti sua voz me ninar, quando eu chorava de frio e de fome. Adormeci muitas noites, imaginando um copo de leite, nem precisava ser quentinho e cheio, bastava matar minha fome. Muitas vezes não fazemos nada, e não há nada que se possa fazer com isso. Mas a minha direção era sempre iluminada pelo Sol. Por quê? Eu me fiz muito essa pergunta. Mas tratava de me fortalecer me dando a resposta positiva, que um dia tudo iria ser bem azul, e no fundo um arco-íris mandado pelo Céu, iria indicar a direção que eu precisava seguir. “Não chore Fernandinha, a gente um dia vai ter um pai e uma mãe, irmãos, um lar e você até vai poder comer empada no domingo”. Eu me dizia isso sempre que pensava não haver mais maneira de me dar força, por me sentia fraca de fome. Eu olho para trás e sinto um orgulho tão grande de mim, é sério! Eu sinto. Quando recordo aquele tempo, meus olhos mergulham num mar de emoções. Como fui corajosa diante das noites em bancos de praças. Mas eu não sabia o que era perigo até eu ficar grandinha. No entanto tudo já vem bem detalhado, e com um cuidado excessivo do Criador. Nenhuma criança fica desamparada a seus olhos. Ontem eu vi do ônibus, um menino de rua caído com um saco de cola nas mãos, aquilo me doeu inteira. Pedi que o Senhor colocasse alguém em seu caminho ali, para ajudá-lo a sair daquilo. Precisamos conscientizar nossas crianças, de que as drogas são bichos papão desde cedinho, para que elas não tenham a curiosidade de experimentar. Orientar estas crianças de que não devem aceitar balas ou qualquer outro presente de estranhos, porque existem muitas pessoas mal intencionadas por aí. É incrível como a confiança perdeu o sentido no mundo. E o mal tomou conta de corações por opção de quem os carrega. Comecei falando de amor e me estendi para outro rumo, que não deixa de ter amor no meio. Mas eu sinceramente espero que o hoje, seja mais correto em relação àqueles que moram nas ruas por falta de opção. Eu espero que cada olhar que se depare com um sem-teto, esteja de alguma forma próximo de fazer a sua parte. É perigoso se aproximar de alguém assim? Na maioria das vezes sim, mas há muitas formas de ajudar. Tive sempre em mente o que queria. Aprendi a ler sozinha juntando palavras, me fascinava quando via alguém lendo próximo a mim, era sempre uma nova descoberta. Agradeço pelo que tenho hoje, ao Senhor do alto que nunca me deixou sozinha, por meus pais que mesmo eu sendo uma menina-grande não hesitaram em me adotar aos 14 anos de idade. ♥

★☾ ✿Gente - Miúda✿

★☾ ✿Gente - Miúda✿
Era uma vez, uma garotinha que se chamava... Bora ler!

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O que é o natal ?

(Autoria: Fernanda)
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Um dia sentei-me no meu habitual cantinho e presenciei um menino, saindo chorando e batendo os pés de uma loja, logo em seguida sua mãe chegou para acalmá-lo.
Pediu que não fizesse aquilo, pois só quem haveria de lhe dar o presente era o papai Noel, na noite de natal.
E que se ele ficasse daquela forma, o bom velhinho não o iria visitar.
O menino continuou emburrado, mas ela pediu que o motorista ficasse de olho nele, e entrou novamente na loja.

Eu - Menino, você está triste?
Ele não respondeu, apenas me olhava, depois de um tempo falou.
Menino - Por que seu rosto está sujo?
Eu - Porque preciso me proteger.
Menino - De quem?
Eu - Das maldades que moram nas ruas.

Menino - Quer um?
Eu - Não obrigada.
Menino - Não gosta de balas?
Eu - Não sei o sabor.
Menino - Então prova, irá gostar.
Eu - Se eu experimentar e sentir o sabor, vou sentir vontade de comer outra qualquer dia, e se eu não puder comer vou ficar triste, se eu não souber que gosto tem não vou desejar.
Menino - Você é estranha.
Eu - Eu sei...

Menino - Quer entrar e lavar o rosto?
Eu - Não.
Menino - O que vai pedir de presente no natal?
Eu - O que é o natal?
Menino – É dia de ganhar presentes, comer bolo, rabanada, dormir tarde, juntar a família e cear.
Eu - Gostei da parte de juntar a família.
Menino - E dos presentes?
Eu - Mas quer presente melhor que ter uma família?
Menino - Então você deixa uma carta na árvore de natal e espera o pai Noel trazer o presente.
Eu - E podemos pedir qualquer coisa?
Menino - Qualquer...

Eu - Não é papai do céu não?
Menino - É Noel!
Eu – Por que chorava ainda há pouco?
Menino - Porque queria um presente novo, já enjoei dos meus.
Eu - Então por que não doa seus brinquedos que já não gosta?
Menino - Porque são meus oras.
Eu - Mas quando não precisamos mais de alguma coisa, e o outro não tem, damos a ele.
Menino - Quer meus brinquedos enjoados?

Eu – Não estou falando de mim, estou falando de um orfanato, uma favela. Um lugar onde as pessoas pudessem ganhar sem esperar, entende? Elas quase não ganham brinquedos, e o brinquedo para uma criança é um alimentar de sonhos, que mais tarde podem realizar-se. Se uma menina ganha uma boneca, vai deixar fluir o que sua mãe passa a ela, a mãe por sua vez pode melhorar seus atos diante do tratamento do filho, pela dica da criança, que se espelha nela e assim vai.
O brinquedo é um abrir de coração e de mente.
O que uma criança sente, reflete na sua maneira de brincar.

Menino - Não entendi nada, você é muito estranha...
Eu - Estranha é a maneira que você tem de ver o natal. Se é para comemorar o natal, vamos comemorar
o amor entre as pessoas, as árvores, as flores, os bichos, as estrelas do céu, a amizade... O que acha do frio?
Menino - Não gosto.
Eu - Se alguém lhe pedisse um agasalho para passar o frio, você daria?
Menino - Talvez...
Eu - Quando sua mãe lhe negou o presente doeu?
Menino – Sim, fiquei bravo.

Eu - Doeu ou ficou bravo?
Menino - As duas coisas.
Eu – Sabe o frio que sente mesmo agasalhado em dias de chuva?
Menino – Sei, não gosto de frio.

Eu - Então pense numa pessoa nessa mesma chuva, só que sem nenhum agasalho. Sabe quantas vezes dói? Eu digo. 70x7, dói igual a lei do perdão.Há muita responsabilidade em saber perdoar.
Então não desrespeite o que Deus te deu com amor.
As crianças que vivem em orfanatos, os velhinhos que vivem em asilos, crianças que vivem nas ruas, Ele também ama, mas por um motivo que só ele conhece, precisaram nascer sem conforto nenhum. E assim alguns agradecem mesmo sem entender.

Menino - Não entendo o que diz menina. Você é estranha...
Eu - Eu sei, e você já disse isso... E infelizmente você não é um bom aprendiz.
Eu - Preciso ir, até...

Passaram-se alguns dias, e eu com o natal na cabeça.
Então entrei na igreja, e depois da missa, perguntei se o padre podia conversar um pouco comigo. Ele balançou positivamente a cabeça e fomos, para um banquinho lá no final.

Eu - O que quer dizer natal padre?
Padre - Quer dizer Jesus Cristo filha. O natal é o dia em que Jesus nasceu.
Eu - Então é festa dele?
Padre - Sim. Mas algumas pessoas, talvez a maioria delas, não acredite nisso.
Eu - Fiquei feliz de saber, agora preciso ir.
Padre só mais uma coisinha, o amor nasceu, então por que existem tantas guerras?

Padre - Porque o homem, não avaliou ainda o tamanho da paz.
Eu - Então não é dia do papai Noel, é dia do papai do céu!
Padre - Sim filha.
Eu - Já sei onde vou por minha cartinha de natal, obrigada senhor padre.
Padre - Não quer pão com café Fernanda?
Eu - Obrigada, mas a minha fome passou, quero olhar lá fora e agradecer a Deus pelo natal.
Padre - risos... Afagou a minha cabeça e ficou me olhando com ternura, vendo eu me afastar.
Fui para o parque, sentei e fiquei olhando tudo enfeitado. A noite chegou e eu continuava por lá. Estava encantada com a noite, as estrelas, e o céu.

Senhor, percebi agora que para Ti, o natal são todos os dias.
Eu tenho uma cartinha aqui comigo.
O papel estava num caderno, que eu peguei no meio do lixo, mas há muitas páginas limpas, e eu escolhi a mais limpinha, nem amassado tem.E sei que para ti o que importa, é a verdade nela.
A caneta foi seu Roberto quem me deu, o dono da loja de artesanato, lá perto da praia. Sabe quem é né Senhor? Aquele que era filho da dona Rosa da floricultura.

Bom... Como o padre disse que tu sabes de todas as coisas, até aquelas que estão bem escondidinhas dentro da gente, então sabe de quem eu falo...
A minha cartinha vou deixar aqui, no meio desse jardim, molhada pela chuva.


Senhor ensina o mundo a amar.
Dá meios para que as pessoas possam estudar, trabalhar, e semear.
Ajuda aqueles que não podem falar, com algum jeito fácil que o outro possa entender suas necessidades.
Faz todos os corações refletirem sobre o que é se amar e amar o outro.


Que as crianças sejam amadas independente de classe social, cor, ou credo.
Que as mães só engravidem de uma criança, quando puderem lhe dar a atenção merecida.
Que o trabalho do homem não venha em primeiro lugar que sua família.
Que a ternura seja sempre a porta para vencer a zanga.
Que nunca falte pão com manteiga e café com leite. Ah, e empada também!


Que o amor espalhado no mundo seja da forma que cada um precise sentir.
Que nunca nos abandone, mesmo que te deixemos triste.
Que o perdão seja tão forte que apague as nossas falhas tão grandes.
Que você seja sempre o talismã tatuado no meu espírito, porque sem você, eu não conseguiria ser, amar, semear.


Senhor quando pensava no natal, eu sabia que tinha algo muito precioso, como um tesouro que eu ainda não havia descoberto. Mas ele não era só compras, e festas como eu via e as pessoas diziam.
As estrelas fazem festa no céu, e nesta data o ar ganha um cheiro de amor, e mesmo sem se dar conta agente sente.


Numa flor há sentido seu existir, mas não há sentido nas lágrimas de tristeza.
No entanto elas molham rostos.
Senhor, você deve ficar tão triste quando escolhemos errado.


Sabe Senhor? Um dia se você permitir, vou conhecer a torre Eiffel, mas queria conhecer numa noite de natal. Um dia eu sonhei que iria encontrar minha mãe por lá. Sei que foi apenas um sonho, mas já que estou escrevendo uma cartinha, coloquei meu sonho. Mas se eu não conhecer a torre, não vou ficar triste, porque o caminho que você já tem para mim é o caminho certo, e eu caminho por onde você guiar.


Agora eu sei o que quer dizer o natal...
Quer dizer amar, suportar, resignação, confiar, doar, alimentar, abrigar.
Obrigada Senhor por ter nos mandado seu filho.
Por ele ter ficado entre nós com humildade e amor.


Sabe Senhor? Que este natal seja de agradecimentos, de reflexão...
Você tem ideia de como precisamos agradecer e refletir não é?
Eu sinto uma alegria tão bonita, eu sinto felicidade na alma.
Obrigada por eu não ter receio de demonstrar o meu amor pelas pessoas.
E o bom é que você sempre saberá sobre os nossos sentimentos.

O natal é transparência, trazer para luz o que estava escondido.
Porque você é verdade e eu te amo.
E eu aceitei esse presente como um milagre.
Porque tudo que amedronta é nada com tua presença.
Você é meu natal todos os dias.

Obrigada!.

Agora já vou, eu sei que a chuva é um milagre teu. Minha carta está em boas mãos.
Dentro do meu coração há estrelas brilhando por toda parte da Terra.
Há um sino tocando, e os anjos dizendo amém para as orações de paz.
Há uma pergunta tendo resposta em cada lágrima que cai numa face desesperada.
E se você me perguntasse o que mais desejo nesse momento, eu diria sem hesitar que é amor e paz.
Porque o amor nos conduz, e a paz é sua alma gêmea.
Um dia...
O natal irá ser como sempre foi, mas ninguém percebeu.

 
Natal, o que quer dizer?
Quando eu era criança, comecei a sentir que nessa aproximação do natal, as pessoas ficavam mais alegres. Visitavam muito as lojas, enfeitavam a casa, parecia uma festa.
Se era uma festa, alguém fazia aniversário, mas quem exatamente?
Todas as pessoas?
Todas as casas, prédios e ruas?
Eu particularmente sentia uma renovação na alma, porque presenciava mais carinho entre as pessoas.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Helena

(Escrita no dia numa quarta feira, 25 de abril de 2012)
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Mãe, hoje conheci alguém que lembrou a mim, quando tinha sua idade. Uma menina corajosa, ela se chama Liana. Ela estava sentada no meio-fio de uma escola, cabeça baixa e pé descalço. Eu ia passar, mas quando a vi, decidi ficar parada num cantinho observando. Ela levou as mãos para o rosto, enxugou as lágrimas e depois coçou os dois olhinhos, levantou e se aproximou de uma senhora que segurou a bolsa assim que a garota falou com ela.

Num sinal negativo continuou caminhando, a menina novamente sentou.
Caminhei até ela e lhe dei boa tarde. Ela ficou me olhando e depois sorriu timidamente. Afaguei sua cabeça e perguntei o que uma mocinha tão bonita fazia ali, sentada no meio da rua.

Ela me disse estar com fome. Perguntei se ela queria um sanduíche bem recheado, e os olhos e a boca sorriram diante da proposta. Fomos até a lanchonete à frente, e logo ela saboreava o lanche, com gosto. Ela é catadora de lixo, e estava esperando a avó que fora buscar algumas garrafas de pet numa residência. Estava sem café da manhã e almoço.
Fiquei refletindo enquanto a olhava, e lembrei de mim lá atrás quando vivia nas ruas.

Liana me disse o seu nome e perguntou o meu, achou meu nome muito bonito e nós duas ficamos ali uma elogiando a outra rsrsr. Cada elogio meu, ela vinha com outro em seguida para mim, que gracinha. Deixei-a com sua avó que chegara, e fui para o ponto de ônibus.

Sabe mãe? Como será que você é? Será que usa óculos, ou o cabelo preso? Será que gosta de flores, ou de banhos na chuva? Eu sonhei tanto com você... Eu acho que quando penso em ti, você sente. Quando eu era menor, eu me abraçava e imaginava os seus braços em volta de mim, eu sentia você me abraçar e dizer: “filha eu sinto muito”.

Mas a chuva caia e o sol brilhava, a noite chegava e o dia nascia. Céu e mar se uniam para acalentar um coraçãozinho ferido. Aquela menina continuava sozinha a cuidar de si.

Eu fiz uma lata de skol de boneca, ela era a minha filhinha, eu a carregava para a beira do mar, para lhe contar contos que eu quis ouvir, e fazê-la dormir. Batizei-lhe de Helena o nome que é teu. Helena dormia em meu colo, para abrigá-la do frio imaginava uma menina feliz em meus braços e protegida.

Dava a ela o que eu queria ter. As noites eram longas na maioria das vezes. Numa noite um menino chutou Helena para dentro do mar, enquanto eu procurava um papelão para fazer de cama para nós. Eu não consegui tirá-la de lá, porque ele a havia enchido de areia molhada antes de fazer seu procedimento.

Naquela noite eu muito chorei, parecia que o mundo estava desabado por dentro de mim, me senti sozinha, cansada, jogada, um lixo. Mas um senhor que estava assando um peixe numa barraca, me ofereceu um pouco, e se importou com minhas lágrimas. A ele eu contei sobre Helena e o que o menino fizera.

Ele me disse que: o céu durante o dia é azul, mas muitas vezes ele muda de cor, as nuvens guardam vários desenhos, basta olhar e admirar. E Deus, aquele que sabe todas as coisas, um dia iria me mandar a mais linda boneca, e eu iria saber amar e cuidar com meu coração.

Eu lhe respondi, mas vai demorar? Ele disse: no tempo certo. Nunca ganhei a tal boneca, mas me alegrava em lembrar suas palavras.
Fui crescendo e muitas coisas aconteceram, algumas tristes, outras alegres, mas com elas fui aprendendo a viver dentro do amor. Vejo-me uma pessoa bem simples, mas carrego comigo a confiança, fé, coragem, e igualdade.

Logo estará chegando o dia das mães, eu já tenho uma maravilhosa mamãe sabe? Mas não poderia deixar de escrever também para você. Sou muito grata por ter permitido que eu nascesse, abaixo de Deus, e não ter me jogado em um bueiro e nem na lixeira.

Pelas conversas que tivemos, mesmo que dentro da minha imaginação, elas me ajudaram muito. Eu me aqueci dentro delas com paciência, e era a filha desejada para ti. Também eu podia voltar para casa, sonhar era mais fácil e eu sonhei e sonhei...

Saiba: Deus e você sempre foram o abastecimento para me fazer seguir à diante. Meu coração vivia lançado ao amor em cada segundo. E a tristeza passava quando eu via uma criança sendo afagada, eu pensava que eu também podia sentir aquela honra, mesmo não sendo em mim.

Mãe, um dia eu esqueci o meu nome, porque passei muita fome e fiquei doente. O médico disse que estava em estado de choque. Mas a memória não falhou quando eu ouvi a palavra mágica “filha”. É que eu queria tanto ser filha. Eu te esperei, te procurei... No orfanato, você não voltou, nem no “meu” banco de praça você não sentou, e na minha porta você não bateu. Mas não se preocupe, há alguns sonhos que não se realizam, e esse eu apenas aprendi a sonhar, sabia que seria impossível realizar.

Neste momento olho para o céu e peço para que cuide e proteja você. Minha mãe Cris sempre ora por ti também, ela é doce e terna, e ama muito a Deus. Desculpa mãe se às vezes eu sinto que você está triste e que lembra de mim, sinto muito por não termos ficado juntas. Mas eu sempre vou ser parte de você e você de mim. Pacientemente eu vou continuar te amando. Te amo muito mamãe.

Queria te dizer também que abriguei dentro do meu coração um moço lindo. A essência de um menino, num coração de um homem. Só o amor é capaz de dividir-se assim. Felipe vem se distendendo por mim e eu sei disso. Ele meu príncipe, caminha agora comigo na mesma estrada, é um presente dos céus, é amor eterno.
Meu amor, obrigada por cuidar de mim tão bem!
Mãe até um dia.



(Autoria: Fernanda)

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

✿ Mãe



Era uma vez uma menina de rua...
Uma menina que não tinha um esteio seu...
Era uma vez um vazio querendo ser preenchido, era uma vez!
Um dia apareceu uma fada e se apaixonou por mim e eu por ela, foi amor de primeira. Ela queria saber como eu estava, como fora meu dia e ambas não conseguíamos ficar por muito tempo longe uma da outra. Perguntei seu nome e ela me disse é MÃE!
Daquele dia em diante o amor absoluto fez morada em nós.

(Autoria: Fernanda)
Imagem: net

Desde o princípio



Sabe? Eu tive que decidir muitas coisas bem cedinho na vida. E muitas vezes decidir é uma escolha difícil demais, principalmente quando você começa a escolher tudo tão cedinho.
Muito pequenina eu optei por liberdade, eu optei por olhar o céu do lado de fora, sem amarras, sem castigos, sem hesitação. Talvez eu tenha dado uma passada muito alta para o meu tamanho naquele dia, mas tenho certeza que um anjo me segurou as mãos e caminhou comigo durante a minha vida inteira, porque fui bem protegida e eu sabia e sentia.

Naquele dia foi um novo (dar início) na minha história. E eu fitei o céu com um desespero na alma. Lembro que ajoelhei diante do mar, juntei as mãoszinhas e disse: Senhor do alto, sou eu a menina do orfanato que divide a cama com a Julhinha, e que fica pedindo para o Senhor arrumar pais carinhosos para os meus amigos.
Eu nem sou boa em oração, mas com todo o carinho eu lembrei que o padre lá da igreja disse que se a gente pedir no nome do Jesus, você atende. Eu queria dizer que eu ia gostar tão imenso, se você cuidasse de mim mais do que cuidava lá no orfanato. Porque eu gosto tanto de você que chega a doer o meu coração.
Aqui fora podemos conversar sem janelas, e sem puxões de orelhas, ou ajoelhar no milho, não é maravilhoso? Eu também acho!

Naquela noite eu dormi perto de uma rocha e não senti medo algum e nem nas outras. Daí comecei a viver coisas incríveis, conheci pessoas, aprendia a cada dia a crescer com amor e sabedoria. Porque Deus já habitava um espaço tão grandioso no meu coração, ELE, minha poesia mais rica!

Eu poderia dizer que vivi sozinha nas ruas, mas eu sentia que nunca, em nenhum momento estava só, eu tinha aquele céu tão bonito e o sol iluminado o dia. E a noite, as estrelas e a lua para me encantar. E mesmo a praia ficando deserta, o meu cantinho era um paraíso.
Meus amiguinhos de rua, sempre diziam que eu não era lá muito certa, porque falava sozinha rsrsr. Mas eu lhes dizia que não estava sozinha estava conversando com Deus.
Um dia um amiguinho me perguntou: Fernanda, se conversa com Deus o que ele te fala e como ele fala?
E eu lhe respondi que ele falava em meu coração e eu entendia tudo. Cada vez que as estações mudam, ele dá uma chance ao homem para modificações, porque ELE pode todas coisas e os seus planos são diferentes aos do homem. Eles não entendiam e eu não continuava a insistir.

Sentia fome de aprender, precisava beber daquelas palavras que meu coração jorrava, mas eu não sabia ler nem escrever, e como é que eu iria conseguir aprender se não sabia por onde começar?
Então como Deus é sábio, tudo acontece no seu tempo certo e com seis anos eu já escrevia e lia, mas esta é outra história que já contei.

Então o obstáculo maior seria arrumar um caderno e um lápis. Eu arrumei folhas soltas e limpas numa lixeira, muitas vezes é no lixo que aprendemos a ser sábios. Não sou sábia, vivo num constante aprendizado. Só os tolos dizem saber tudo e na verdade não sabem coisa alguma.

Amar é algo muito grandioso. Se analisarmos bem, o homem se quisesse viveria na mais bela harmonia entre si. Amar é unguento às feridas da alma. Tudo passa a seu tempo e tudo tem o seu determinado momento para acontecer. Eu sempre acreditei nisso.

O sol brilha sob a vontade do Pai, e a chuva chora na terra por essa mesma vontade. Muitas vezes o homem não entende porque em alguns lugares são cobertos pela a água ou terremotos, mas a sabedoria eterna sabe cada motivo. E sua voz se faz ouvida nos quatro cantos da terra. E mesmo com toda a fúria a voz dele é terna.
Hoje olho da janela e recordo aquele tempo, tudo que eu vivi foi uma escola boa. Tudo que passei escrevi na tabela de meu coração e nada digo sem refletir bem antes, porque cada palavra se configura para nós.

Sei que faço a diferença àqueles que amo, e isso é a mais preciosa dádiva, se doar gratuitamente e por livre e espontânea vontade.
Agradeço ao Senhor do alto, Deus de todas as coisas por ter me ofertado um coração simples, e que assim seja para todo o sempre.

Não se negue a aprender.
Quando vemos nações sofrendo, nos questionamos mais e mais. Onde está Deus que deixa crianças morrerem, e pessoas serem exterminadas?
Deus meu amigo, está dentro de cada um de nós. E naquele momento a fé, se fosse do tamanho de um grão de mostarda seria solução. Mas aquilo que os fez sofrer tinha de alguma forma uma permissão para isso.
E Deus é um Deus de amor. Suas intenções têm o seu propósito sábio porque ele é Deus, e se não fosse para algo de bom ele não permitira o caos. Ele sabe o futuro, nós não.

O esforço de um trabalho é digno de respeito, mas o esforço para subir degraus e pisar os que estão abaixo é ousadia. Tudo no mundo é ilusório, então cuidemos do espírito, mais que da carne.
A ganância é como correr atrás da brisa. O pouco com amor é tudo e sem amor somos apenas um povo a viver por viver. Quando a noite cai você reza e dorme sabendo que seus objetivos são apenas o que você pode abarcar, e isso é bom. Mas obter além do que você consegue aproveitar é burrice, é querer prender a brisa alada entre as mãos, e isso é impossível.

(Autoria: Fernanda)
Imagem: net
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terça-feira, 17 de novembro de 2015

Tudo faz sentido

(Autoria: Fernanda)

Lembro quando eu era pequenina e perguntava nas minhas orações ao Senhor do alto, como era a cor do amor que agente recebia. Eu sei que você me ama um “tantão” assim e eu também te amo. É claro que é um tanto menor, porque sou pequenina, mas amo tudo o que consigo.

Nunca quero ficar sem você, até podem dizer que eu poderia ficar. A dona Rosa disse que você não ia perder tempo com uma menina contadora de histórias feito eu. Mas eu sei que você está sempre presente, e dona Rosa está enganada. Sabe Senhor do Alto? Eu não conseguiria viver sem você. Aprendi a conhecer você de um jeito tão bonito que começa bem aqui nas batidas do meu coração, e vai ganhando alegria de dentro para fora.

Sei também que você conhece todos os seus filhos, e chama cada um por seu nome e não se confunde. Você não “acha”, você faz. Aqui as coisas estão do mesmo jeito, e euzinha furei o meu pé no copo de vidro que dona Rosa quebrou sem querer. Precisei ir pegar água para Julinha, e não vi o vidro porque tive que vir sem a vela, senão iria ficar de castigo por estar acordada.

Pode me fazer entender o que é ser insuportável?
Será que é uma coisa bonita demais? É que quase vi ternura nos olhos de dona Rosa dizendo para nova moça que chegou aqui, que as crianças eram todas isso aí e que tinha que ir firme com elas.

A moça passou a mão na minha cabeça e sorriu, então vi dona Rosa sorrir também. Logo insuportável deve ser bom né?
Eu vi uma borboleta voando no teto da cozinha. Fiquei tão preocupada se dona Rosa a visse, é que ela não gosta de borboletas, então ela voou e eu corri fazendo barulho com a caneca para ela ir ter comigo, e a borboletinha ir embora. Fiquei de castigo no milho, mas os outros meninos cuidaram para que a borboletinha  ficasse em liberdade.

Hoje eu lembrei de você quando eu vi uma flor entre as formigas. Elas estavam por toda a parte e tiravam pedaços de suas pétalas, eu não consegui suportar e chorei. Depois fui tirar a florzinha de lá e plantar noutro cantinho. Plantei perto da janela do nosso lugar de dormir, a terra lá era boa, mas a florzinha ficou tristinha uns dias, acho que era porque estava acostumada com sua antiga casinha, mas eu cantei todos os dias para ela e lhe dava água para matar sua sede, e ela ficou feliz novamente e cresceu bem bonita.

Mas hoje ao acordar percebi que havia uma outra florzinha com ela, e vi que ela teve um “filhote”. Fiquei tão radiante de alegria que ajoelhei e pedi para você, não deixar ninguém levar embora a mãe da florzinha, porque os filhos precisam das mães por perto.
Obrigada por essa alegria Senhor do Alto. Parece um sonho tão bonito que você deixou uma tarefa tão responsável nas minhas mãos, cuidar da filha e da mãe.

O amor é o mais precioso bem que possuímos, eu sei que ele não mora só na minha cabeça, ele germinou no meu coração tão cedinho. E tudo faz um grande sentido. Eu sei onde você está, onde vive todas as horas do dia. É aqui em mim por livre e espontânea vontade.
Você sabe como eu estou me saindo Senhor, eu posso sentir que sabe que faço o melhor que consigo ainda.
♥♫

Deserto

(Autoria: Fernanda)
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Olá Senhor! 
 
Todo esse momento contigo é segurança para uma alma cansada.
Enquanto olho o dia belo com o sol despontando bem no meio da minha janela, e não é desperdício de brilho porque há flores na varanda.
Olho para o céu, as nuvens claras e partilháveis, e eu murchinha sentindo um entalo, uma vontade de te ver e te abraçar. E nesse enlaçar de braços, mandar sumir toda essa aflição que enfrento às vezes nos dias.
Não quero partilhar minhas lacunas contigo, quero partilhar o que nos une desde o princípio, e é por isso que me tornei o que sou.
Vezenquando e entre um abalo e um sorriso vou caminhando na direção certa, ou sei lá, mas vou...
E que esse amor com cara de vastidão possa me acompanhar e respingar no outro essa amplitude, que por hora só consigo deixar aqui dentro para o momento em que eu na verdade possa extravasar. E toda a tormenta seja extirpada de mim como água suja que sai do corpo. Porque meu amor tem uma face, e esta face é plenitude e doação.
Ainda estou aqui no meio do deserto gritando à toa, mas é bem provável que uma hora dessas seja ouvida.

Semente



Olá Senhor
Aprendi a tocar numa lágrima com toda sensibilidade & sentimento, ali não se tratava apenas de uma lágrima, era um pouco da minha alma rolando junto.
Aprendi a amar mesmo assim da minha maneira, mas com toda a verdade que eu conseguia discernir, porque nunca tive explicação ou exemplo para isto, a não ser os que a vida me ensinava a filtrar & reciclar.
Me fez bem, guardei a semente da resistência, graças a Deus.


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(Autoria: Fernanda)
Imagem: net

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Amor

(Autoria: Fernanda)
Imagem: net


Oi Senhor do alto, vim parabenizar o teu filho e meu irmão Cristo.
Obrigada por tê -lo mandado aqui na terra, nos ensinar amar.
Sei que se ele não tivesse vindo, o mundo estaria feio de mais porque os homens seriam mais arrogantes, e menos humildes.
Um dia eu conheci a indiferença bem de pertinho, mas também conheci a humildade e a igualdade. Então decidi que para cada ato ruim eu buscaria dois bons, e assim poderia segurar de um lado, e outro a palavra ruim com coisas boas, e seria como um abraço de Deus, e então aquele ato ruim não teria forças para enraizar na vontade da gente. Assim poderíamos optar por ser bons, mesmo que em alguns momentos ficasse difícil.
Eu cresci um pouco e estou aprendendo a ser mãe e esposa, como aprendi a ser filha e irmã, mas ser irmã eu já sabia né?
Parabéns Jesus, por teu aniversário.
o presente que eu te dou é  minha gratidão e amor eterno. somos valiosos para ti, porque tu és AMOR.
Na nossa casa (lar) que também é o teu, estaremos reunidos com uma linda oração.
O que o Natal significa para a Fernandinha?
Amor, humildade, misericórdia,  respeito, carinho e união

FELIZ NATAL!
Fernanda.

sábado, 22 de março de 2014

Natal

(Autoria: Fernanda)
Imagem: Net

Natal, o que quer dizer?
Quando eu era criança, comecei a sentir que nessa aproximação do natal, 
as pessoas ficavam mais alegres. Visitavam muito as lojas, 
enfeitavam a casa, parecia uma festa.
Se era uma festa, alguém fazia aniversário, mas quem exatamente?
Todas as pessoas?
Todas as casas, prédios e ruas?
Eu particularmente sentia uma renovação na alma, 
porque presenciava mais carinho entre as pessoas.
Um dia sentei-me no meu habitual cantinho e presenciei um menino, 
saindo chorando e batendo os pés de uma loja, logo em seguida sua mãe chegou para acalmá-lo.
Pediu que não fizesse aquilo, pois só quem haveria de lhe dar o presente era o papai Noel, 
na noite de natal.
E que se ele ficasse daquela forma, o bom velhinho não o iria visitar.
O menino continuou emburrado, mas ela pediu que o motorista ficasse de olho nele, e entrou novamente na loja.
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Eu - Menino, você está triste?
Ele não respondeu, apenas me olhava, depois de um tempo falou.
Menino - Por que seu rosto está sujo?
Eu - Porque preciso me proteger.
Menino - De quem?
Eu - Da maldade que mora nas ruas.
Menino - Quer um?
Eu - Não obrigada.
Menino - Não gosta de balas?
Eu - Não sei o sabor.
Menino - Então prova, irá gostar.
Eu - Se eu experimentar e sentir o sabor, vou sentir vontade de comer outra qualquer dia, e se eu não puder comer vou ficar triste, se eu não souber que gosto tem não vou desejar.
Menino - Você é estranha.
Eu - Eu sei...
Menino - Quer entrar e lavar o rosto?
Eu - Não.
Menino - O que vai pedir de presente no natal?
Eu - O que é o natal?
Menino – É dia de ganhar presentes, comer bolo, rabanada, dormir tarde, 
juntar a família e cear.
Eu - Gostei da parte de juntar a família.
Menino - E dos presentes?
Eu - Mas quer presente melhor que ter uma família?
Menino - Então você deixa uma carta na árvore de natal
e espera o pai Noel trazer o presente.
Eu - E podemos pedir qualquer coisa?
Menino - Qualquer...
Eu - Não é papai do céu não?
Menino - É Noel!
Eu – Por que chorava ainda há pouco?
Menino - Porque queria um presente novo, já enjoei dos meus.
Eu - Então por que não doa seus brinquedos que já não gosta?
Menino - Porque são meus oras.
Eu - Mas quando não precisamos mais de alguma coisa, e o outro não tem, damos a ele.
Menino - Quer meus brinquedos enjoados?
Eu – Não estou falando de mim, estou falando de um orfanato, uma favela. 
Um lugar onde as pessoas pudessem ganhar sem esperar, entende? 
Elas quase não ganham brinquedos, e o brinquedo para uma criança é um alimentar de sonhos, 
que mais tarde podem realizar-se. 
Se uma menina ganha uma boneca, vai deixar fluir o que sua mãe passa a ela, 
a mãe por sua vez pode melhorar seus atos diante do tratamento do filho, pela dica da criança, 
que se espelha nela e assim vai.
O brinquedo é um abrir de coração e de mente.
O que uma criança sente, reflete na sua maneira de brincar.
Menino - Não entendi nada, você é muito estranha...
Eu - Estranha é a maneira que você tem de ver o natal. Se é para comemorar o natal, vamos comemorar 
o AMOR entre as pessoas, as árvores, as flores, os bichos, as estrelas do céu, a amizade... O que acha do frio?
Menino - Não gosto.
Eu - Se alguém lhe pedisse um agasalho para passar o frio, você daria?
Menino - Talvez...
Eu - Quando sua mãe lhe negou o presente doeu?
Menino – Sim, fiquei bravo.
Eu - Doeu ou ficou bravo?
Menino - As duas coisas.
Eu – Sabe o frio que sente mesmo agasalhado em dias de chuva?
Menino – Sei, não gosto de frio.
Eu - Então pense numa pessoa nessa mesma chuva, só que sem nenhum agasalho. 
Sabe quantas vezes dói? Eu digo: 70x7, 
dói igual à lei do perdão. Há muita responsabilidade em saber perdoar.
Então não desrespeite o que Deus te deu com amor.
As crianças que vivem em orfanatos, os velhinhos que vivem em asilos, 
crianças que vivem nas ruas, Ele também ama, mas por um motivo que só ele conhece, 
precisaram nascer sem conforto nenhum. E assim alguns agradecem mesmo sem entender.
Menino - Não entendo o que diz menina. Você é estranha...
Eu - Eu sei, e você já disse isso... E infelizmente você não é um bom aprendiz.
Eu - Preciso ir, até...
Passaram-se alguns dias, e eu com o natal na cabeça.
Então entrei na igreja, e depois da missa, perguntei se o padre podia conversar um pouco comigo. 
Ele balançou positivamente a cabeça e fomos, para um banquinho lá no final.
Eu - O que quer dizer natal padre?
Padre - Quer dizer Jesus Cristo filha. O natal é o dia em que Jesus nasceu.
Eu - Então é festa dele?
Padre - Sim. Mas algumas pessoas, talvez a maioria delas, não acredite nisso.
Eu - Fiquei feliz de saber, agora preciso ir.
Padre só mais uma coisinha, o AMOR nasceu, então por que existem tantas guerras?
Padre - Porque o homem, não avaliou ainda o tamanho da paz.
Eu - Então não é dia do papai Noel, é dia do papai do céu!
Padre - Sim filha.
Eu - Já sei onde vou por minha cartinha de natal, obrigada senhor padre.
Padre - Não quer pão com café Fernandinha?
Eu - Obrigada, mas a minha fome passou, quero olhar lá fora e agradecer a Deus pelo natal.
Padre - risos... Afagou a minha cabeça e ficou me olhando com ternura, vendo eu me afastar.
Fui para o parque, sentei e fiquei olhando tudo enfeitado. A noite chegou e eu continuava por lá. 
Estava encantada com a noite, as estrelas, e o céu.
Senhor, percebi agora que para Ti, o natal são todos os dias.
Eu tenho uma cartinha aqui comigo.
O papel estava num caderno, que eu peguei no meio do lixo, mas há muitas páginas limpas, 
e eu escolhi a mais limpinha, nem amassado tem. E sei que para ti o que importa, é a verdade nela.
A caneta foi seu Roberto quem me deu, o dono da loja de artesanato, lá perto da praia. 
Sabe quem é né Senhor? Aquele que era filho da dona Rosa da floricultura.
Bom... Como o padre disse que tu sabes de todas as coisas, 
até aquelas que estão bem escondidinhas dentro da gente, então sabe de quem eu falo...
A minha cartinha vou deixar aqui, no meio desse jardim, molhada pela chuva.
E na cartinha havia:

Senhor ensina o mundo a amar.
Dá meios para que as pessoas possam estudar, trabalhar, e semear.
Ajuda aqueles que não podem falar, com algum jeito fácil que o outro possa entender suas necessidades.
Faz todos os corações refletirem sobre o que é se amar e amar o outro.
Que as crianças sejam amadas independente de classe social, cor, ou credo.
Que as mães só engravidem de uma criança, quando puderem lhe dar a atenção merecida.
Que o trabalho do homem não venha em primeiro lugar que sua família.
Que a ternura seja sempre a porta para vencer a zanga.
Que nunca falte pão com manteiga e café com leite. Ah, e empada também!
Que o amor espalhado no mundo seja da forma que cada um precise sentir.
Que nunca nos abandone, mesmo que te deixemos triste.
Que o perdão seja tão forte que apague as nossas falhas tão grandes.
Que você seja sempre o talismã tatuado no meu espírito, porque sem você, eu não conseguiria ser, amar, semear.
Senhor quando pensava no natal, eu sabia que tinha algo muito precioso, 
como um tesouro que eu ainda não havia descoberto. Mas ele não era só compras, 
e festas como eu via e as pessoas diziam.
As estrelas fazem festa no céu, e nesta data o ar ganha um cheiro de amor, e mesmo sem se dar conta agente sente.
Numa flor há sentido seu existir, mas não há sentido nas lágrimas de tristeza.
No entanto elas molham rostos.
Senhor, você deve ficar tão triste quando escolhemos errado.
Sabe Senhor? Um dia se você permitir, vou conhecer a torre Eiffel, mas queria conhecer numa noite de natal. Um dia eu sonhei que iria encontrar minha mãe por lá. Sei que foi apenas um sonho, mas já que estou escrevendo uma cartinha, coloquei meu sonho. Mas se eu não conhecer a torre, não vou ficar triste, porque o caminho que você já tem para mim é o caminho certo, e eu caminho por onde você guiar.
Agora eu sei o que quer dizer o natal...
Quer dizer amar, suportar, resignação, confiar, doar, alimentar, abrigar.
Obrigada Senhor por ter nos mandado seu filho.
Por ele ter ficado entre nós com humildade e amor.
Sabe Senhor? Que este natal seja de agradecimentos, de reflexão...
Você tem ideia de como precisamos agradecer e refletir não é?
Eu sinto uma alegria tão bonita, eu sinto felicidade na alma.
Obrigada por eu não ter receio de demonstrar o meu amor pelas pessoas.
E o bom é que você sempre saberá sobre os nossos sentimentos.
O natal é transparência, trazer para luz o que estava escondido.
Porque você é verdade e eu te amo.
E eu aceitei esse presente como um milagre.
Porque tudo que amedronta é nada com tua presença.
Você é meu natal todos os dias.
Obrigada!.
Agora já vou, eu sei que a chuva é um milagre teu. Minha carta está em boas mãos.
Dentro do meu coração há estrelas brilhando por toda parte da Terra.
Há um sino tocando, e os anjos dizendo amém para as orações de paz.
Há uma pergunta tendo resposta em cada lágrima que cai numa face desesperada.
E se você me perguntasse o que mais desejo nesse momento, eu diria sem hesitar que é amor e paz.
Porque o amor nos conduz, e a paz é sua alma gêmea.
Um dia...
O natal irá ser como sempre foi, mas ninguém percebeu.
♥
Há uma pergunta tendo resposta em cada lágrima que cai numa face desesperada.
E se você me perguntasse o que mais desejo nesse momento, eu diria sem hesitar que é amor e paz.
Porque o amor nos conduz, e a paz é sua alma gêmea.
Um dia...
O natal irá ser como sempre foi, mas ninguém percebeu.

M. Fernanda


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Um caderrno

(Autoria: Fernanda)
 

 
Não fica triste euzinha, um dia tudo vai ser alegria...

Mônica - Fernandinha preciso corrigir seu caderno amanhã, então não esqueça de trazer seu caderno e deixar o borrão em casa.
Ela - Tia pode corrigir esse, ele está bem arrumadinho olha!
Mônica - Fernandinha você já está me devendo a visita dos seus pais. Quer ficar sem nota pelo caderno?

Ela balançou a cabeça triste negativamente, e agora? Como iria arrumar um caderno para apresentar à professora? Ela não sabia das dificuldades de Fernandinha, e Fernandinha não queria contar, tinha receio de ser mandada embora da escola.

Senhor do alto, estou numa nervura só. Amanhã já está chegando e eu não tenho caderno. A tia pensa que as minhas folhas-caderno são um borrão, e você sabe que eu não disse nada, que tinha um caderno em casa, eu não tenho nem casa, quanto mais um caderno. O Senhor pode fazer um milagre destes que só o Senhor sabe fazer, e fazer cair daí de cima um caderno para eu trocar as letras desse para o ele?
Se não puder, eu também agradeço, mas não me deixa ser mandada embora da escola, eu preciso aprender a ser alguém. A dona Ivone disse lá na feira, que as pessoas precisam estudar para ser alguém um dia. Então como eu ainda sou só a Fernandinha e preciso aprender para ser alguém, me ajuda!

Na manhã seguinte, lá estava a Fernandinha olhando o outro lado do banco, embaixo dele e nada. Pronto! E agora? Sentou-se ao lado das suas folhas presas com um fio de plástico, verificou se tudo estava em ordem, foi no chafariz, lavou o rosto, passou as mãos nos cabelos para abaixá-los, e foi rumo à escola.

Chegando lá sentou-se na última carteira, baixou a cabeça e ficou bem quietinha. A professora Mônica entra na sala. Todos ficaram de pé, mas ela continuou sentadinha, para não fazer nenhum barulho. Quando de repente sem fazer chamada nem nada a tia fala em alto tom. Fernanda, queira por favor me trazer seu caderno.
Ela já não podia mais conter a ansiedade e levantando-se foi em direção à professora.

As folhas caíram de suas mãos, mas ela delicadamente as juntou e em seguida entregou à mestra.

Mônica - Por que está chorando querida?

Ela - São meus olhos tia, que estão com dó de mim.

Mônica - E por que seus olhos estão com dó de você?

Ela - Porque eles sabem que eu não tenho caderno.

Mônica - Mas este não é seu borrão?

Ela - Lembra que foi a senhora que disse isso?
É que foi a senhora que me mandou trazer o meu caderno e deixar o borrão em casa. Eu fiquei calada porque pensei que o caderno fosse muito, muito importante para senhora, então eu pensei que talvez se acontecesse um milagre, e o Senhor do alto me mandasse um caderno, tudo estava resolvido, mas Ele estava muito ocupado, muito mesmo, porque Ele tem que cuidar das pessoas do mundo inteiro.

Mônica - Venha cá, o que seus pais fazem?

Pausa...

Mônica - Não se acanhe querida, pode confiar em mim.

Ela - Eu confio.

Mônica - Por que sempre vem descalça para a escola?

Pausa...

Mônica - Amanhã peça à sua mãe para vir falar comigo, está bem?

Ela - Ela não vem tia.

Mônica - Virá querida entregue esse bilhete a ela, tenho certeza que ela virá.

Ela - Eu queria muito entregar, mas não posso.

Mônica - Fernanda, o que está acontecendo com você querida?

Pausa...

Então ela segurou o “caderno” corrigiu e prosseguiu a aula.
Na saída, ela tratou de novamente lembrar: não esqueça, venha com sua mãe amanhã.

Ela baixou novamente a cabeça e seguiu. No “seu” banco de praça, ficou olhando demoradamente para o céu.
Senhor do alto, eu gostava de ir para a escola, lá eu podia me alimentar e tinha amiguinhos, podia aprender, agora acabou. Eu não sei onde está minha mãe, eu não posso ter um caderno, e nem sandálias. Sabe? Eu nem acho caderno assim tão importante, as folhas que eu achei lá no lixão são mais legais, porque são folhas vitoriosas, elas continuaram bonitas no meio do lixo e eu pude aprender um montão de coisas nelas. Por que sempre há importância nas coisas desta forma? Por que eu tenho de ter um caderno? E por que ela quer que eu leve a minha mãe lá, se eu nem sei como ela é?

Então Fernandinha ficou sem ir à escola porque não tinha o que levar.
Num dia de domingo, dia muito bonito, ela ficou sentada na calçada vendo os meninos brincarem nos brinquedos. Ela não tinha alegria e nem vontade de brincar. As crianças brincavam animadas com seus pais, avós, enfim, ela apenas olhava.
Olhou novamente para o céu e perguntou: Quando eu for gente vou ter mãe? Nenhuma resposta... Ficou por ali até adormecer. Na manhã seguinte ela escuta alguém lhe chamar e tocar em seu rosto, era a tia Mônica.

Mônica - Fernanda, o que faz aqui dormindo no chão, no meio da rua? Pegando na mão de Fernandinha disse: venha, vamos até sua casa.

Ela - Já estou em casa tia.

Mônica - Como assim?

Ela - Eu sou moradora de rua, não tenho pais, nem caderno, nem sandália, não tenho escola, nem vou ser gente também.

Foi então que Fernandinha relatou sua história abraçada a alguém que dali por diante foi uma grande amiga.

(***) Nem sempre sabemos expressar o que dói, porque o que dói é muito difícil quando temos a idade para discernir, e para uma criança é dificílimo

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Imagem: net

Jesus ?

(Autoria: Fernanda)
Imagem:Net
 

 
Oi Deus,
Está vendo as calçadas daí?
O padre disse que o Senhor observa todas as coisas...
Então por favor, observa se um dia eu vou ter uma família?
Depois  me deixa sonhar pra saber?

Obrigada!